Os líderes de EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, concordam que qualquer ameaça nuclear seria "inaceitável" e partilham preocupações sobre a guerra na Ucrânia, a soberania do Taiwan e as provocações vindas da Coreia do Norte.
Esta é a posição conjunta que sai do encontro entre Biden e Xi, que decorreu esta segunda-feira em Bali, na Indonésia, em vésperas da cimeira do G20.
Após o encontro, o Presidente norte-americano falou aos jornalistas, sintetizando uma conversa "aberta", "franca" e "direta" com o homólogo chinês. "Fui claro que iremos defender os interesses americanos, promover os direitos humanos e defender a ordem mundial e trabalhar com os nossos aliados e parceiros [na região do Indo-Pacífico]."
Depois de 3h30 de conversações, o líder dos Estados Unidos destaca que a colaboração entre o país e a China "ficou clara": "Devem trabalhar em conjunto, quando puderem, para resolver desafios globais".
Nesse sentido, o Presidente norte-americano anunciou uma futura visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na sequência do encontro, "para que o diálogo entre os países fique aberto".
Em termos políticos e económicos, Joe Biden salientou que a presença norte-americana na Ásia, junto dos "parceiros e aliados do Indo-Pacífico", deverá gerar "grande competitividade". Na região, o Presidente defendeu um "compromisso", para que a área "seja livre, segura e próspera".
No entanto, reforçou que a concorrência norte-americana não tem intenções de passar pelo "conflito" com a República Popular da China. "Quero gerir esta concorrência de forma responsável", asserta.
Já sobre a tensão entre China e Taiwan, o chefe de Estado sublinhou que "a política 'Uma China' não mudou". Contudo, opõe-se a quaisquer "alterações unilaterais do status quo", desejando "manter a estabilidade no Estreito de Taiwan".
"Não penso que haja qualquer risco iminente de a China invadir o Taiwan, [mas] deixei claro que a nossa política em relação ao Taiwan não mudou, de todo. Continua a ser a mesma posição que tínhamos. Queremos ver todas as questões resolvidas de forma pacífica, para que não haja uma guerra fria".
Regresso à escalada nuclear dos tempos da Guerra Fria "é inaceitável"
Neste sentido, de forma a não regressar aos tempos gélidos da rivalidade entre EUA e União Soviética, Joe Biden e Xi Jiping reafirmaram uma "crença comum", de que a "ameaça de utilização de armas nucleares é inaceitável", especialmente no conflito russo-ucraniano.
Relativamente aos mais recentes avanços na guerra na Ucrânia, com a libertação de Kherson em destaque, o Presidente norte-americano falou de uma "vitória significativa". "Só posso aplaudir a coragem, determinação e capacidade do povo e militares ucranianos, têm sido extraordinários."
Biden ainda revelou alguma cautela, afirmando ser "difícil dizer o que isto pode significar" para o futuro do conflito. "Acho que as coisas vão abrandar um pouco, por causa do inverno, e passará a ser mais difícil para as forças se deslocarem no país. Não sei qual será o desenlace, mas só sei que a Rússia não irá ocupar e controlar a Ucrânia como queria no início."
No entanto, deixou claro que os Estados Unidos vão "continuar a dar capacidades para os ucranianos se defenderem".
Se a Coreia do Norte insistir na ameaça nuclear, EUA prometem reforçar presença na região
Por fim, sobre a ameaça da Coreia do Norte, o líder norte-americano foi mais assertivo: "Deixei claro ao Presidente Xi Jinping que achei que eles [China] tinham a obrigação de transmitir à Coreia do Norte que não deveriam fazer testes nucleares de longo alcance".
O Presidente esclareceu que, se o regime de Kim Jong-Un insistir na ameaça nuclear, os Estados Unidos iriam ter de "tomar medidas defensivas". "Não seriam dirigidas à China, mas sim numa mensagem clara à Coreia do Norte, de que queremos defender os nossos aliados e os interesses americanos", afirmou.
Joe Biden disse acreditar que "a China não deseja que a Coreia do Norte escale as suas atitudes de alguma forma". Mas se tal acontecer, os EUA farão "de tudo para defender" os seus aliados, nomeadamente a Coreia do Sul e o Japão.
E para que não haja "mal entendidos", o líder norte-americano voltou a frisar o estreitamento de conversações entre EUA e China. "Em relação a uma série de questões, temos equipas, com o secretário da Defesa e conselheiros de Segurança Nacional, que falarão com a China. Eu não penso que seja necessário estarmos preocupados que haja uma nova guerra fria."
A poucas horas do início da cimeira do G20, fórum que reúne as 20 maiores potências económicas à escala global, Joe Biden enfatiza a um "regresso dos Estados Unidos da América: internamente, á mesa de negociações e à liderança mundial".
"Em ano e meio, demonstrámos o que isso significa. Temos cumprido os nossos compromissos. Mostrámos no investimento interno e demonstrámos que trabalhamos com os nossos parceiros e aliados, para que haja progresso em todo o mundo neste momento crítico. Nenhum país está mais bem posicionado para ajudar a contruir o mundo que desejamos do que os EUA".