Pelo menos 3.000 pessoas, incluindo 1.800 crianças, entraram no Ruanda nas últimas 24 horas provenientes da República Democrática do Congo (RDCongo), após a erupção do vulcão Nyiragongo, adiantou esta sexta-feira a organização humanitária Save The Children.
Os deslocados instalaram-se no distrito ruandês de Rubavu, onde as autoridades locais, que esperam a chegada de cerca de 10 mil pessoas nos próximos dias, criaram três campos para acolher os refugiados.
Os campos "continuam a receber novos refugiados da República Democrática do Congo, a maioria dos quais são crianças", disse a diretora de proteção infantil da Save the Children Ruanda, Aurore Kiberinka.
"Muitas destas crianças chegaram apenas com a roupa do corpo. Estamos muito preocupados com o seu bem-estar", acrescentou.
As autoridades da RDCongo ordenaram a retirada de 400 mil pessoas em dez distritos de Goma, perante o risco de uma nova erupção do Nyiragongo, perto da cidade congolesa de Goma, disse esta sexta-feira o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas.
De acordo com o Observatório Vulcanológico de Goma, os fortes tremores que continuaram na quinta-feira - um deles de intensidade 4,9 na escala de Richter - poderão causar novos derramamentos de lava através de fendas na montanha.
A primeira erupção de lava, pó e gás, em 22 de maio, matou pelo menos 32 pessoas e, segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), destruiu mais de 900 casas, entre outros danos materiais.
"Estima-se que quase meio milhão de pessoas estão sem água potável e existe um elevado risco de doenças transmissíveis pela água, tais como a cólera", segundo a IFRC.
Além disso, em apenas 48 horas, cerca de 550 crianças foram separadas das suas famílias quando fugiam na sequência da erupção de 22 de maio, acrescentou a organização.
As necessidades de ajuda humanitária na província do Kivu Norte, da qual Goma é a capital, já eram grandes dado a região alberga 44% dos 5 milhões de deslocados internos do país e onde 33% da população sofre de grave insegurança alimentar.