Erupção vulcânica provoca fuga de 3.000 pessoas do Congo para o Ruanda. 1.800 são crianças
28-05-2021 - 20:23
 • Lusa

Deslocados instalaram-se no distrito ruandês de Rubavu, onde as autoridades locais, que esperam a chegada de cerca de 10 mil pessoas nos próximos dias, criaram três campos para acolher os refugiados.

Pelo menos 3.000 pessoas, incluindo 1.800 crianças, entraram no Ruanda nas últimas 24 horas provenientes da República Democrática do Congo (RDCongo), após a erupção do vulcão Nyiragongo, adiantou esta sexta-feira a organização humanitária Save The Children.

Os deslocados instalaram-se no distrito ruandês de Rubavu, onde as autoridades locais, que esperam a chegada de cerca de 10 mil pessoas nos próximos dias, criaram três campos para acolher os refugiados.

Os campos "continuam a receber novos refugiados da República Democrática do Congo, a maioria dos quais são crianças", disse a diretora de proteção infantil da Save the Children Ruanda, Aurore Kiberinka.

"Muitas destas crianças chegaram apenas com a roupa do corpo. Estamos muito preocupados com o seu bem-estar", acrescentou.

As autoridades da RDCongo ordenaram a retirada de 400 mil pessoas em dez distritos de Goma, perante o risco de uma nova erupção do Nyiragongo, perto da cidade congolesa de Goma, disse esta sexta-feira o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas.

De acordo com o Observatório Vulcanológico de Goma, os fortes tremores que continuaram na quinta-feira - um deles de intensidade 4,9 na escala de Richter - poderão causar novos derramamentos de lava através de fendas na montanha.

A primeira erupção de lava, pó e gás, em 22 de maio, matou pelo menos 32 pessoas e, segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), destruiu mais de 900 casas, entre outros danos materiais.

"Estima-se que quase meio milhão de pessoas estão sem água potável e existe um elevado risco de doenças transmissíveis pela água, tais como a cólera", segundo a IFRC.

Além disso, em apenas 48 horas, cerca de 550 crianças foram separadas das suas famílias quando fugiam na sequência da erupção de 22 de maio, acrescentou a organização.

As necessidades de ajuda humanitária na província do Kivu Norte, da qual Goma é a capital, já eram grandes dado a região alberga 44% dos 5 milhões de deslocados internos do país e onde 33% da população sofre de grave insegurança alimentar.