A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um lucro de 81 milhões de euros no 1.º trimestre deste ano, uma descida de 6% em relação ao mesmo período de 2020, foi anunciado esta quinta-feira.
O presidente da comissão executiva da CGD, Paulo Macedo, fala num “resultado robusto”. O líder do banco público lembra que as imparidades de crédito foram reforçadas, em antecipação do efeito da pandemia, em quase 60 milhões de euros.
São resultados dos primeiros três meses de 2021, que comparam com o primeiro trimestre de 2020. Segundo o administrador financeiro, José de Brito, “esta queda de cinco milhões pode ser integralmente explicada pela contabilização dos custos regulatórios”.
Só os custos regulatórios pesaram 52,7 milhões nos resultados dos primeiros meses. “Este ano incorpora a taxa adicional que foi criada no Orçamento do Estado e que, no ano passado, surgiu apenas em junho no Orçamento Suplementar”, segundo José de Brito.
O banco “mais barato” em comissões
A margem financeira desceu 11,5%, para 233 milhões de euros, devido aos níveis das taxas de juro e spreads, que afetam todo o setor.
A CGD recuperou alguma margem nos serviços e comissões, que subiram 2,2%, para 125 milhões de euros.
José de Brito defende que estas receitas podem ainda subir mais, puxadas pela recuperação da economia após o confinamento.
Apesar deste aumento, Paulo Macedo sublinha que, em comparação com a concorrência, “continuamos o banco mais barato em comissões”.
Mais crédito e mais depósitos
No início do ano os empréstimos concedidos pela Caixa às empresas aumentaram 4,4%. Números que excluem a construção e o imobiliário. Paulo Macedo destaca a indústria e a Agricultura como os sectores mais dinâmicos.
O crédito a clientes da Caixa cresceu 1,4%, para 48,6 mil milhões de euros, em termos consolidados.
Os depósitos dos clientes também têm aumentado, um crescimento de 6,5 mil milhões de euros, mais 9,7%, em comparação com o primeiro trimestre.
Segundo a CGD, é uma "evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal, impulsionado pelo aumento da taxa de poupança das famílias e demonstrando a confiança e vinculação dos clientes".
O “bicho-papão” das moratórias
A CGD já acumula 370 milhões de imparidades para crédito, para antecipar eventuais problemas com a crise.
Um valor que reconforta o banco público, tendo em conta as moratórias que chegam ao fim dentro de alguns meses, segundo José de Brito.
O malparado também baixou 0,3 pontos percentuais, para 3,6% em março, face ao final do ano.
Futuro da CGD
Paulo Macedo sublinha a “realização com sucesso” do plano estratégico 2017-2020, acordado entre o Estado e a Comissão Europeia.
Segundo o líder da CGD, nos últimos quatro anos o banco recuperou todos os prejuízos históricos registados em 2016 (1859 milhões de euros), “foram anulados pelos resultados positivos gerados desde então”, melhorou ainda os indicadores de solvabilidade, eficiência e qualidade dos ativos, entre outros.
Sobre a nova administração, Macedo confirma que “Farinha de Morais foi convidado”, agora está a ser escrutinado. “só depois de todo esse processo é que as equipas estão completas e operacionais”.