O presidente do PSD disse esta quinta-feira acreditar que o país é capaz de voltar a crescer a "3, 4 e a 5%" e agradeceu a Pedro Nuno Santos ter feito "tão boa publicidade" da sua proposta de descer impostos.
Num almoço com cerca de 400 empresários em Gondomar (Porto), no penúltimo dia de campanha para as legislativas de domingo, Luís Montenegro falou no que disse ser "a estratégia do próximo Governo".
"Nós conseguimos crescer a 3, 4, 5 por cento, conseguimos. Já conseguimos noutros períodos da nossa história, porque é que a minha geração, a vossa geração hão de estar renitentes quanto à sua capacidade?", questionou, dizendo que o país até tem mais instrumentos tecnológicos, mais financiamento externo e mais qualificações.
Por essas razões, Montenegro disse acreditar muito na capacidade dos empresários e de Portugal.
"Quando me entusiasmo, entusiasmo-me a falar para a criação, para fazer crescer alguma coisa, eu não me mobilizo a falar mal dos outros, eu empolgo-me e dou tudo de mim para crescer, para criar, para sermos um país que vale pena", disse.
No mesmo discurso, Montenegro agradeceu, com ironia, ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter feito "tão boa publicidade" da proposta da AD de reduzir impostos, apontando esta como "uma das grandes diferenças de modelo económico" entre os dois projetos.
"Uma das coisas mais intrigantes para mim na campanha eleitoral foi ter sido criticado por defender a baixa de impostos", disse, considerando que esta é a forma de "desbloquear a capacidade de crescimento da economia e os baixos salários em Portugal".
Neste almoço, marcou presença o fundador do PSD Amândio de Azevedo, antigo secretário-geral do partido e ministro do Governo de Bloco Central, atualmente com 95 anos.
Montenegro voltou a salientar a inclusão de muitos independentes nas listas da AD e prometeu que "este espírito de abertura, de diálogo, de agregação será um dos pilares fundamentais do novo Governo de Portugal".
Dirigindo-se aos empresários, disse ser necessário "diminuir os custos de contexto, ter um Estado mais ágil e ter menos burocracia" e, sobretudo, menor carga fiscal.
"Esta AD entende que aliviar a carga fiscal sobre o trabalho é essencial para ter maior produtividade: quem trabalha, quem dá o seu esforço, quem dá a sua capacidade produtiva tem de ter retribuição condizente", disse.
Montenegro voltou a explicar que não pretende cortar apoios, quando diz que quem não trabalha não deve ganhar mais do que quem trabalha, mas "que quem está a produzir tem de ter uma retribuição justa".
"Os poderes públicos, os lideres políticos não podem assobiar para o ar constatando que a mesma pessoa tem mais rendimento ficando em casa do que se não trabalhar", vincou, justificando a proposta da AD de redução do IRS até ao oitavo escalão.
Já quanto à descida do IRC defendida pela coligação PSD/CDS-PP/PPM - de 19 para 15% em três anos -, justificou-a para atrair mais investimento, quer externo, quer das empresas nacionais em Portugal.
"A carga fiscal é o cerne da competição", defendeu, rejeitando que esta proposta beneficie apenas as grandes empresas.
Antes, o cabeça de lista da AD pelo Porto, Miguel Guimarães, salientou algumas questões que considerou relevantes para os empresários do norte.
"Temos de ter um aeroporto que sirva os interesses de todos os cidadãos do norte e que sirva ao interesse de todos os empresários, não podemos ter uma companhia aérea que não é fator de coesão nacional", afirmou, reiterando que a TAP tem mesmo de ser privatizada.
Sobre a linha de alta velocidade, o antigo bastonário da Ordem dos Médicos considerou que não se pode apenas pensar nas linhas sem alterar a bitola da ferrovia, da atual ibérica para a bitola europeia.