A tensão não pára de aumentar em Caracas, na Venezuela.
Por questões de segurança, a companhia aérea espanhola Iberia cancelou o voo de amanhã para Caracas e da capital venezuelana para Madrid. Em comunicado a Iberia explica que há dificuldades operacionais e de segurança.
Também a Air France cancelou todos os voos para a Venezuela até terça-feira.
Das 23 companhias que operavam para a Venezuela, só oito mantêm os voos regulares.
Na véspera da votação para a assembleia constituinte, a oposição a Nicolas Maduro pediu à população para sair à rua em protesto.
Apesar de o Governo ter proibido as manifestações, ontem foi mais um dia de confrontos nas ruas. Desses conflitos resultou a morte de uma pessoa.
O líder da oposição Henrique Capriles veio já apelar à população para encher as ruas amanhã no dia da votação. “O povo que quer democracia, o povo que quer mudança, os funcionários públicos que estão cansados, aborrecidos, e indignados, saiam à rua no domingo, em todas as ruas das cidades do país, vamos concentrar-nos!”
O Apelo de Henrique Capriles, o rosto da oposição a Nicolas Maduro.
Também em Portugal estão marcadas manifestações para domingo em Lisboa, Porto e Faro. Hélio Pestana da Venexos – a associação de apoio aos emigrantes venezuelanos em Portugal – diz à Renascença que há muitos venezuelanos descontentes com a actuação do Governo e recusam a assembleia constituinte.
“Vamos fazer manifestações, em Faro, Lisboa, frente à estátua dos libertadores Simon Bolívar e no Porto na Praça da Liberdade. Há duas semanas, a 16 de Julho, contávamos ser 500 pessoas e vieram 1150 pessoas. As pessoas sentem a necessidade de se exprimirem, de dizerem o que vai por dentro, estão revoltadas. Nós que estamos longe temos a tristeza de não poder participar directamente lá nas ruas. Temos a possibilidade de vir para a rua dizer que a Venezuela precisa de ajuda e somos contra esta constituinte.”
A votação amanhã na Venezuela vai ser acompanhada por várias instituições dos estados unidos e da Colômbia, países que já disseram que não vão reconhecer os resultados da eleição.
Hélio Pestana confirma que há informações suspeitas a vir da Venezuela. “Temos informações de centros de votação no interior do país em que o próprio povo foi lá e destruiu todo o material eleitoral. Há outras situações, mesmo fora do normal… No resto do mundo as pessoas vão à sua mesa eleitoral e participam. Nesta votação a pessoa pode votar onde quiser, o que faz com que comece a surgir um cheiro a fraude muito particular. Nunca aconteceu, supostamente é um dos processos mais informatizados do mundo é o da Venezuela, mas desta vez estão a fazer tudo por tudo para se eternizarem no poder”, afirma.