Eleição de Trump "vai mudar" o modelo social europeu
07-11-2024 - 10:25
 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

O comentador da Renascença analisa a chegada de Trump à Casa Branca e as suas consequências para a Europa.

O comentador da Renascença João Duque considera que a eleição de Donald Trump vai implicar uma mudança no modelo social europeu.

Durante a campanha eleitoral, Trump disse ter capacidade para uma paz rápida na Ucrânia, mas o economista adverte que, a acontecer, essa paz seria “à custa da assunção de uma derrota da Europa”.

“É uma coisa que a Europa não sei se está muito preparada, porque nós somos de umas gerações que sentimos que a Europa é o modelo vencedor e que venceu a Segunda Guerra Mundial e, portanto, nós estamos todos do lado dos vencedores”, assinala.

“Portanto, é primeiro assumir que perdemos uma guerra. E nesses termos, duvido que se restabeleçam as relações com a Rússia, da mesma forma que nós tínhamos anteriormente ao início da guerra, pelo que vamos ter que investir imenso em Defesa e ter que abdicar de muito daquilo que é provavelmente o Estado Social atual”, acrescenta.

Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca “alguma coisa vai ter que mudar ou, então, vamos todos pagar muito mais impostos para aumentar o esforço de Defesa”, alerta.

“Eu estou para ver exatamente quais são as gerações que vão estar disponíveis para vir a incorporar os exércitos europeus e reforçar o esforço de guerra e de Defesa, porque isto não é só meter dinheiro, são precisos militares, e eu tenho dúvidas que a Europa esteja muito voltada para aí. Portanto, parece-me que nós vamos ter que acordar um dia sobre a difícil realidade e encarar o problema de vez, mas vamos ter que o fazer”, acrescenta.

Num tempo em que há enorme polarização política, João Duque admite que este será um debate “difícil e doloroso”.

“Se um dia formos ameaçados, depois da guerra da Ucrânia em paz, se vier outra pequena guerra para outro país, e se um dia se avançar para modelos como a saída dos Estados Unidos da NATO e a invasão de um país da NATO, eu quero ver o que é que a NATO vai fazer e como é que vai responder e como é que a Europa se porta nesse sentido”, remata.