O Papa alertou este domingo para a violência na República Democrática do Congo (RDC) e Nigéria, falando aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
“Sigo com preocupação o aumento da violência na parte oriental da República Democrática do Congo. Uno-me ao convite dos bispos a rezar pela paz, desejando o fim dos confrontos e a busca de um diálogo sincero e construtivo”, apelou, após a recitação do ângelus.
Os confrontos entre o exército congolês e o grupo armado M23 provocaram várias mortes, feridos e milhares de deslocados, com o agravamento da situação humanitária.
O padre Faustin Mbara, pároco de Sake, na RDC, descreveu a situação como “alarmante”, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.
Francisco mostrou ainda preocupação com a onda de raptos que se verifica na Nigéria.
“Exprimo ao povo nigeriano a minha proximidade na oração, desejando que todos se empenhem para que o aumento destes episódios seja travado o mais rapidamente possível”
Na última semana, o secretário do Dicastério para a Evangelização, Secção para a Primeira Evangelização, D. Fortunatus Nwachukwu, expressou solidariedade com a Igreja e o povo nigerianos ao tomar conhecimento, “com pesar, de diferentes fontes de informação, da frequência dos raptos na Nigéria, uma situação que se agravou significativamente nos últimos tempos”.
“Entre aqueles que tragicamente se encontram no fogo cruzado destes atos reprováveis estão membros do clero, religiosos e fiéis leigos”, disse o arcebispo nigeriano, numa mensagem enviada a D. Lucius Iwejuru Ugorji, arcebispo de Owerri e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria.
O portal ‘Vatican News refere que, nos últimos anos, a Nigéria “teve de lidar com o flagelo dos raptos que visam, além de padres e religiosos, estrangeiros, empresários, políticos, funcionários do governo, diplomatas, governantes tradicionais, juntamente com cidadãos comuns, incluindo estudantes e crianças em idade escolar, muitas vezes vítimas de raptos em massa”.
Desde maio de 2023, início do mandato do presidente Bola Ahmed Tinubu, a consultoria de gestão de risco ‘SBM Intelligence’ registou o sequestro de 3964 pessoas.
Perante cerca de 20 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa recordou ainda a onda de frio que atinge a Mongólia, com “graves consequências humanitárias”.
Em janeiro, o país asiático registou 50 graus negativos nalgumas regiões montanhosas em janeiro e 80% de toda a área da Mongólia ficou coberta de neve.
“Também este fenómeno extremo é um sinal das alterações climáticas e dos seus efeitos. A crise climática é um problema social, global, que incide profundamente na vida de muitos irmãos e irmãs, sobretudo dos mais vulneráveis”, declarou o Papa.
Francisco concluiu com um pedido de oração para que se possam “tomar decisões sábias e corajosas para contribuir no cuidado da criação”.
Francisco deixa recomendações no caminho para a próxima Páscoa
O Papa disse hoje que os católicos devem ser “buscadores” da luz de Jesus, com a oração e a atenção ao próximo, numa reflexão sobre a Quaresma, o tempo de preparação para a Páscoa no calendário litúrgico.
“Este é um bom objetivo para a Quaresma: cultivar olhares abertos, tornarmo-nos buscadores de luz, buscadores da luz de Jesus na oração e nas pessoas”, referiu, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação dominical do ângelus.
Francisco assinalou que a “oração, a escuta da Palavra e os Sacramentos” ajudam a “manter o olhar fixo em Jesus”.
A reflexão partiu da passagem do Evangelho lida neste segundo domingo da Quaresma, que apresenta o episódio da Transfiguração de Jesus.
“É isso que nós, cristãos, somos chamados a fazer no caminho da vida: ter sempre diante dos olhos o rosto luminoso de Cristo, nunca afastar o olhar de Jesus”.
O Papa recomendou que, na preparação para a Páscoa, se dê “espaço ao silêncio, à oração, à adoração”.
“Que Maria, resplandecente da luz de Deus, nos ajude a manter o olhar fixo em Jesus e a olhar-nos mutuamente com confiança e amor”, concluiu.
Francisco surgiu à janela do apartamento pontifício, como previsto, um dia depois de ter visto os seus compromissos cancelados “devido a um ligeiro estado gripal”.
Segundo a sala de imprensa da Santa Sé, o Papa cancelou as audiências deste sábado “como medida de precaução”.