O bispo de Odessa D. Stanislav Schyrokoradiuk, diz que "a cada dia que passa, aumenta o sofrimento das populações" na Ucrânia, sendo isso "particularmente visível" na sua diocese.
Num encontro virtual com diretores de diversos secretariados da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o prelado disse que se vive um ambiente dramático de destruição e violência, "escutando-se todos os dias as sirenes que sinalizam novos ataques, novos bombardeamentos".
"Tantas ruínas, tantas lágrimas, tanto sangue no nosso país", reconhece D. Stanislav, lembrando que, no primeiro mês de guerra, centenas de crianças foram mortas ou ficaram gravemente feridas.
Na reunião, em que também participou a diretora da Fundação AIS em Portugal, Catarina Martins de Bettencourt, o bispo de Odessa referiu que "a guerra atingiu a Ucrânia com toda a brutalidade, mas o país não tem alternativa senão lutar pela sua independência, uma independência que significa liberdade e ligação à Europa".
Sublinhando que a guerra não é entre ucranianos e russos, o bispo de Odessa lembrou que ambos os povos são vítimas deste conflito armado em pleno coração da Europa.
"Os ucranianos são vítimas da guerra e o povo russo é vítima da propaganda. Uma propaganda que não permite ver o que se está a passar. Espero que tenham os olhos abertos para que a paz possa acontecer."
Os confrontos têm causado imensos danos nas zonas urbanas, nomeadamente também em estruturas da Igreja.
Tal como as populações resistem, também todos os sacerdotes já disseram que vão ficar, mesmo que se encontrem em zonas de conflito aberto.
D. Stanislav salientou que "os padres vão de aldeia em aldeia levando às populações ajuda de emergência. Eles estão muito empenhados neste seu trabalho, embora seja muito perigoso".
Com o acesso marítimo cortado, a Diocese de Odessa-Simferópol "tem procurado organizar o transporte de bens essenciais, nomeadamente comida e medicamentos desde Lviv, na Ucrânia ocidental, o que implica também viagens muito arriscadas".
O Bispo disse aos diretores da Fundação AIS, que tem sido possível assegurar a distribuição de bens essenciais na região de Odessa, onde vivem pessoas de 120 nacionalidades diferentes. "Ajudamos todos, sem olhar à religião".
Sobre o apoio disponibilizado pela AIS, D. Stanislav Schyrokoradiuk mostrou-se comovido, "não só pelo facto da AIS ter sido a primeira instituição a oferecer ajuda, como pelo compromisso já assumido de financiar novos veículos para a diocese de forma a permitir uma maior distribuição da ajuda pelas populações locais".
Desde o início a guerra, em 24 de fevereiro, a Fundação AIS já disponibilizou uma ajuda de emergência à Igreja ucraniana no valor de 1,3 milhões de euros.