A sucessão de casos na TAP que a comissão de inquérito tem exposto, levam o PSD, através do vice-presidente Miguel Pinto Luz, a pedir responsabilidades ao primeiro-ministro António Costa a quem questiona mesmo a capacidade que terá para continuar à frente do Governo.
“António Costa tem sucessivamente utilizado este estratagem a, dizer que não conhece, que não sabe. O PSD tem de dizer de forma clara que se o primeiro-ministro desconhece os e-mails, não sabe das sms, não sabe o que os secretários de Estado e os ministros andam a fazer, então tem de fazer uma autoanálise e perceber se é capaz de governar o país ”, defende Pinto Luz à Renascença.
O mesmo vice-presidente do PSD diz que fica evidente a forma como o Governo tem colocado os interesses partidários em primeiro lugar “e a ligeireza com que tem trabalhado estes temas mostram a incapacidade para liderar o Governo ”.
E, por isso, Pinto Luz diz que à semelhança do que o líder do partido, Luís Montenegro, já fizera na semana passada, o PSD continua preocupado com o rumo do país e “convida mais uma vez António Costa a vir esclarecer cabalmente toda a verdade à volta dos temas da TAP, mas também da governabilidade do país”.
Por fim, o dirigente do PSD acusa António Costa de “sacudir responsabilidades ” e fazer “uma encenação política à qual já estamos habituados”.
Isto enquanto, afirma, os portugueses ficaram a conhecer as contradições da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que apesar de ter pedido escusa dos temas da TAP, pela posição que anteriormente teve na empresa, reuniu com elementos da mesma aquando da passagem no Governo.
Miguel Pinto Luz acusa o ministro das Infraestruturas, João Galamba, de tentar ludibriar o Parlamento com reuniões para preparar a anterior CEO para a ida à Assembleia da República, e aponta também baterias ao ministro das Finanças, Fernando Medina, por “tentar convencer e pressionar a CEO da TAP a demitir-se quando esta apresenta resultados positivos”.
“Ficamos a saber que este Governo coloca os seus interesses partidários e pessoais à frente dos interesses nacionais ”, resume Miguel Pinto Luz.
Montenegro volta à carga
O líder do PSD considerou esta segunda-feira, que a resposta do primeiro-ministro sobre a TAP "não é habilidade, é fuga às responsabilidades", questionando se António Costa só acha gravíssimo o e-mail do ex-secretário de Estado Hugo Mendes.
Luís Montenegro reagiu através da rede social Twitter à notícia da agência Lusa desta manhã, que deu conta de que o primeiro-ministro considera gravíssimo o e-mail que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre o chefe de Estado e afirma que teria obrigado à sua demissão na hora.
"Só acha isto gravíssimo?? Então fazer reunião entre CEO, PS e Governo para preparar audição, ter ministro e ex-ministro a faltar à verdade, ser o Governo a preparar as respostas da TAP, isso é tudo normal??", questionou o líder do PSD.
Para Luís Montenegro, "isto não é habilidade, é fuga às responsabilidades".
António Costa respondeu à agência Lusa antes de partir para uma visita de dois dias à Coreia do Sul, depois de questionado sobre o teor do polémico e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, que se tornou público na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
"Como ainda não parti, respondo a essa questão de política interna. Cada instituição tem o seu tempo e este é o tempo da Assembleia da República apurar a verdade, toda a verdade, como tenho dito, doa a quem doer", declarou o líder do executivo.
António Costa referiu que "não conhecia" esse e-mail "e, se tivesse conhecido, teria obrigado o ministro [das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] a demiti-lo, na hora".
"É gravíssimo do ponto de vista da relação institucional com o Presidente da República e inadmissível no relacionamento que o Governo deve manter com as empresas públicas", acentuou.
Na terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco confrontou Christine Ourmières-Widener com uma troca de e-mails com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, sobre uma eventual mudança de data de um voo que tinha como passageiro o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesse e-mail que dirigiu à presidente executiva da TAP, o ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes argumentava que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o "principal aliado" do Governo mas que poderia tornar-se o "pior pesadelo".
No dia seguinte à audição, a Presidência da República afirmou, através de uma nota escrita, que nunca contactou a TAP nem nenhum membro do Governo para uma mudança de um voo de regresso de Moçambique em março de 2022.