As Nações Unidas acusam as autoridades da República Checa de violarem “sistematicamente” os direitos humanos na forma como tratam os refugiados e migrantes.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, diz que estas pessoas, que procuram chegar à Europa, são colocadas em centros de acolhimento com “condições degradantes” até quase 90 dias. E são revistadas para ver se têm dinheiro para, alegadamente, pagar a sua estada.
“Estas violações parecem fazer parte de uma política geral do
governo checo, cujo objectivo é desencorajar a entrada de pessoas no país e o
seu eventual desejo de ali ficarem”, lamentou.
Zeid Ra'ad Al Hussein critica ainda as declarações "islamofóbicas” proferidas pelo Presidente checo, Milos Zeman, que terá tido, segundo o responsável da ONU, um discurso alarmista e xenófobo.
Em resposta, o porta-voz do líder checo afirmou que o Presidente há muito que alerta para a ameaça fundamentalista. “Ele mantém a sua opinião e não a mudará apesar das pressões externas”.
Só em Setembro, chegaram à União Europeia cerca de 170 mil migrantes, segundo os números avançados pela agência europeia de gestão de fronteiras. A Frontex eleva para mais de 710 mil o total de pessoas que, desde o início do ano, procuraram refúgio na Europa, contra um total de 282 mil em 2014.
Vaga de migrantes e uma possível crise
O primeiro-ministro da Hungria pede aos líderes europeus que alterem as políticas de imigração.
Em declarações à televisão pública húngara na quarta-feira à noite, Viktor Orban considera necessário o envolvimento dos cidadãos no debate sobre o futuro da Europa. Caso contrário, diz o chefe do governo húngaro, a Europa poderá enfrentar uma grave crise política e uma ameaça à ordem democrática.
O governo de Budapeste respondeu à vaga de refugiados encerrando as fronteiras com a Sérvia e com a Croácia. Em alternativa, os muitos milhares de deslocados têm entrado na União Europeia através da Eslovénia, que aprovou na quarta-feira o recurso ao exército para controlar as fronteiras.
A Europa enfrenta a maior vaga de refugiados desde a II Guerra Mundial. Centenas de milhares de pessoas chegaram ao território europeu oriundas de África, Médio Oriente e Ásia, levando o Parlamento Europeu a reforçar o orçamento destinado a enfrentar a situação, mediante a proposta da Comissão Europeia, no montante de 1,2 mil milhões de euros.
A Amnistia Internacional divulgou um plano para uma acção concertada em oito áreas, destinado a responder às crises de refugiados e na sequência do que designa por "falhanço moral catastrófico" dos líderes mundiais.
Crise dos refugiados põe a nu uma Europa mais xenófoba e islamofóbica