ONU acusa checos de “abusos” sobre migrantes
22-10-2015 - 13:06

Só em Setembro, chegaram à União Europeia cerca de 170 mil migrantes, segundo os números avançados pela agência europeia de gestão de fronteiras.

As Nações Unidas acusam as autoridades da República Checa de violarem “sistematicamente” os direitos humanos na forma como tratam os refugiados e migrantes.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, diz que estas pessoas, que procuram chegar à Europa, são colocadas em centros de acolhimento com “condições degradantes” até quase 90 dias. E são revistadas para ver se têm dinheiro para, alegadamente, pagar a sua estada.

“Estas violações parecem fazer parte de uma política geral do governo checo, cujo objectivo é desencorajar a entrada de pessoas no país e o seu eventual desejo de ali ficarem”, lamentou.

Zeid Ra'ad Al Hussein critica ainda as declarações "islamofóbicas” proferidas pelo Presidente checo, Milos Zeman, que terá tido, segundo o responsável da ONU, um discurso alarmista e xenófobo.

Em resposta, o porta-voz do líder checo afirmou que o Presidente há muito que alerta para a ameaça fundamentalista. “Ele mantém a sua opinião e não a mudará apesar das pressões externas”.

Só em Setembro, chegaram à União Europeia cerca de 170 mil migrantes, segundo os números avançados pela agência europeia de gestão de fronteiras. A Frontex eleva para mais de 710 mil o total de pessoas que, desde o início do ano, procuraram refúgio na Europa, contra um total de 282 mil em 2014.

Vaga de migrantes e uma possível crise

O primeiro-ministro da Hungria pede aos líderes europeus que alterem as políticas de imigração.

Em declarações à televisão pública húngara na quarta-feira à noite, Viktor Orban considera necessário o envolvimento dos cidadãos no debate sobre o futuro da Europa. Caso contrário, diz o chefe do governo húngaro, a Europa poderá enfrentar uma grave crise política e uma ameaça à ordem democrática.

O governo de Budapeste respondeu à vaga de refugiados encerrando as fronteiras com a Sérvia e com a Croácia. Em alternativa, os muitos milhares de deslocados têm entrado na União Europeia através da Eslovénia, que aprovou na quarta-feira o recurso ao exército para controlar as fronteiras.

A Europa enfrenta a maior vaga de refugiados desde a II Guerra Mundial. Centenas de milhares de pessoas chegaram ao território europeu oriundas de África, Médio Oriente e Ásia, levando o Parlamento Europeu a reforçar o orçamento destinado a enfrentar a situação, mediante a proposta da Comissão Europeia, no montante de 1,2 mil milhões de euros.

A Amnistia Internacional divulgou um plano para uma acção concertada em oito áreas, destinado a responder às crises de refugiados e na sequência do que designa por "falhanço moral catastrófico" dos líderes mundiais.

Crise dos refugiados põe a nu uma Europa mais xenófoba e islamofóbica