Quando Lula da Silva deixou o palácio do Planalto, no final de 2010, o Brasil estava no “céu”, com a economia a crescer 7,5%, o valor mais alto em 24 anos, e um Presidente com níveis de popularidade de 87%.
No entanto, este “oásis” não durou e, no final de 2015, a poucos meses da queda de Dilma Rousseff, o PIB do país que crescia quase ao nível de China e Índia teve o pior resultado dos últimos 25 anos.
A oposição aproveitou os maus resultados económicos (e o aumento da criminalidade) e avançou para uma acusação de “pedalada fiscal” contra a Presidente. Estava instalado o “inferno” e Dilma Vana Rousseff não aguentou um processo de destituição que, durante meses, “minou” o seu segundo mandato, iniciado em 2014.
A antiga ministra de Lula foi alvo de, pelo menos, 50 pedidos de "impeachment" só durante o ano de 2015. Um deles acabou mesmo por ser aceite por Eduardo Cunha, o então presidente da Câmara dos Deputados.
Dilma foi acusada do “crime de responsabilidade” por, alegadamente, ter “ordenado créditos suplementares sem a autorização do Senado” - lia-se na acusação - e, depois de ter sido suspensa em maio, acabou destituída a 31 de agosto de 2016 pelo Senado com 61 votos a favor e 20 contra.
Foi o segundo Presidente a cair por "impeachment" na história do Brasil, depois de Collor de Mello. Dilma prometeu lutar: “É o segundo golpe de Estado que enfrento na vida [lembrando o tempo da ditadura militar em que esteve presa e foi torturada]”. A Presidente, todavia, não ganhou os recursos e acabou substituída pelo seu vice-presidente.
Temer e Lula de fora
Dilma Rousseff foi substituída por Michel Temer, que nunca "caiu no goto" dos brasileiros e tem tido níveis de popularidade sempre baixos, de tal forma que acabou por decidir não avançar para uma candidatura a estas eleições.
Para além da falta de popularidade, Temer também tem tido a justiça brasileira "à perna" e, por duas vezes, os processos contra o atual Presidente não passaram na Câmara dos Deputados, o que, desde logo, barrou a chegada dos casos a tribunal.
Menos sorte teve Luís Inácio Lula da Silva. O histórico líder do PT, condenado já em duas instâncias, está preso por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito do processo do apartamento triplex do Guarujá. E este é apenas um dos casos em que o ex-Presidente é arguido, se considerarmos a mega-operação que é a “Lava-Jato”.
Lula ainda tentou concorrer a estas eleições, liderava todas as sondagens, apesar de estar preso desde 7 de abril de 2018, mas acabou impedido, precisamente devido à “lei da ficha limpa”, que impede candidatos condenados de concorrer a cargos políticos.
E é assim, com um Presidente de que ninguém gosta e com o favorito do povo impedido de concorrer, que se chega a esta corrida eleitoral em outubro de 2018.
Nenhum dos atuais candidatos tem uma liderança expressiva e é certo que haverá segunda volta a 28 deste mês.
Jair Bolsonaro herdou o primeiro lugar nas sondagens desde o impedimento de Lula, mas tem valores a rondar os 30% das intenções de votos (e uma taxa de rejeição bem superior, quase nos 50%, segundo a Datafolha). Sucedem-se as manifestações, mais contra que a favor, e nem a tentativa de assassinato durante uma ação de campanha, acalmou os ânimos a seu favor.
No segundo lugar aparece o nome indicado pelo PT, Fernando Haddad, e muito graças ao apoio do ex-Presidente Lula, tem subido nas pesquisas e já acima dos 20%.
Ciro Gomes, candidato de esquerda mais moderada, e Geraldo Alckmin, de direita, estão a seguir e com valores a rondar os 10/12%, o que ainda os deixa a sonhar com uma ida ao segundo turno. Mais longe está a ecologista e ex-ministra de Lula, Marina Silva.
No Brasil, o voto é obrigatório e os mais de 147 milhões de eleitores têm 13 candidatos para escolher o novo inquilino do Palácio do Planalto.