O historiador e ex-deputado José Pacheco Pereira, 74 anos, vai receber em maio o Prémio Vida e Obra atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), anunciou esta quarta-feira a cooperativa de autores.
A SPA realça o seu percurso, como autor e investigador, destacando, entre as suas obras, a biografia do ex-líder comunista Álvaro Cunhal (1913-2005), publicada em quatro volumes entre 1999 e 2015, e a coordenação do projeto Ephemera, de preservação da memória, iniciado em 1997, que tem como objetivo reunir e divulgar espólios, acervos, livros, periódicos, manuscritos, panfletos, fotos e objetos da história contemporânea.
Com sede no Barreiro, o arquivo Ephemera conta não só com a coleção pessoal de Pacheco Pereira, mas também com elementos recolhidos e doados, entre os quais documentos do ex-primeiro-ministro Francisco de Sá Carneiro (1934-1980) e peças de mobiliário que pertenceram ao ex-presidente da Assembleia da República, Vítor Crespo (1932-2014).
Pacheco Pereira, natural do Porto, é beneficiário da SPA desde de 1999 e cooperador desde de 2008. No ano passado recebeu a medalha de honra da SPA.
Prémio será entregue em maio
O prémio Vida e Obra será entregue durante a comemoração do 98.º aniversário da cooperativa de autores, no próximo dia 22 de maio, quando serão também entregues medalhas de honra a várias personalidades e instituições.
Licenciado em Filosofia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, antifascista, opositor à ditadura, Pacheco Pereira teve uma militância na chamada extrema esquerda de inspiração maoísta no início da década de 1970.
Em 1986, apoiou Mário Soares na sua primeira eleição presidencial. Em 1987 foi eleito como deputado independente do Partido Social Democrata, ao qual viria a aderir pouco depois, do qual seria líder parlamentar e presidente da comissão política distrital de Lisboa, e pelo qual foi também eleito para o Parlamento Europeu.
Foi membro da Delegação da Assembleia da República à Assembleia da NATO e vice-presidente do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação.
O seu primeiro livro "As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de Novembro de 1918", publicado em 1971, foi apreendido pela polícia política da ditadura do Estado Novo. Em 1983 publicou "Conflitos sociais nos campos do sul de Portugal".
Entre outras obras suas, refira-se "A sombra: estudo sobre a clandestinidade comunista" (1993), "Desesperada Esperança e outros textos" (1999), "O paradoxo do ornitorrinco" (2007) e "Crónicas dos dias do lixo" (2013).
Pacheco Pereira foi agraciado em 2005, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.