O Hospital de São José, em Lisboa, tem a urgência ocupada a 150 por cento e tem tido muita dificuldade em internar doentes por falta de vagas.
De acordo com a coordenadora da urgência polivalente do Centro Hospitalar Lisboa Central, Catarina Pereira, as cirurgias programadas foram adiadas para acomodar estes doentes que são, habitualmente, idosos com queixas respiratórias e várias comorbilidades.
À Renascença, Catarina Pereira diz que têm recebido à volta de “400 doentes por dia na urgência” mas, acima de tudo, enfatiza que “a grande dificuldade é a drenagem destes doentes que, invariavelmente, têm infeções respiratórias, são indivíduos mais idosos e com comorbidades que necessitam de internamento”. Para resolver o problema, explica que “desde a última sexta-feira" existem "doentes a ocupar vagas no serviço de cirurgia e ortopedia" e, inclusivamente, foi interrompida "parte da atividade cirúrgica programada". "Só estão garantidas as cirurgias oncológicas e houve um grande esforço de triagem para que outras cirurgias urgentes não fossem adiadas”, admite.
Mesmo assim, tem havido sempre uma sobrelotação da urgência. Esta sexta-feira, por exemplo, “a taxa de ocupação da urgência rondava os 150%”, diz Catarina Pereira, que contabiliza “45 doentes para internar sem vaga”. A esperança, diz à Renascença, é que as famílias vão buscar os doentes que tiveram alta ao final da tarde e que isso possibilite acomodar algumas destas pessoas nas enfermarias. Mas a diretora da urgência não tem dúvida que “alguns destes doentes terão de ficar na urgência durante todo o fim de semana a aguardar vaga e, provavelmente, vão acumular-se outros até segunda-feira”.
Apesar desta pressão, Catarina Pereira garante que o hospital de São José tem conseguido dar resposta a todos os doentes nos tempos previstos, com exceção dos utentes triados com pulseira amarela que chegam a esperar esperam 5/6 horas para serem vistos por um médico.
Telemedicina para aliviar urgências
Tem sintomas gripais? Antes de vir a Urgência do Hospital S. José (adultos) ligue para a teleconsulta DRA, das 10h as 21h (21 884 71 77).
Desde o passado dia 6 de janeiro, que o Centro Hospitalar Lisboa Central está a enviar esta mensagens para os utentes dos centros de saúde da sua área de influência ou que tenham tido contacto com o hospital nos dois últimos anos.
Até agora foram atendidas 101 pessoas. Doentes que “ficaram com o problema resolvido ao telefone. Aliás, destas 100 pessoas, só uma delas é que foi encaminhada para a urgência” diz Catarina Pereira.
Esta consulta, dirigida especificamente para doença respiratória, já existe desde março do ano passado, mas agora foi “reativada” para tentar aliviar a enorme pressão sobre as urgências, provocada pelas infeções respiratórias. Segundo explica a coordenadora da urgência a mais valia é que “o médico pode prescrever medicamentos e pode reencaminhar, em caso de necessidade, o utente para o Centro de Saúde ou para o Hospital”
Até agora e, segundo Catarina Pereira, a linha tem sido procurada, sobretudo, por pessoas com queixas gripais ligeiras “ obstrução nasal, rinorreia, tosse e febres não muito altas, portanto, quadros gripais ligeiros”.