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O eurodeputado José Inácio Faria questionou a Comissão Europeia sobre o segundo adiamento do encerramento da central nuclear de Almaraz e os riscos de segurança do programa nuclear espanhol com impacto em Portugal.
No documento, a que a agência Lusa teve acesso, o eurodeputado português reage, após o anúncio do Governo espanhol, de voltar a adiar o encerramento da central nuclear de Almaraz, desta vez diferindo a desativação dos dois reatores para 2027 e 2028, ou seja, por mais oito anos do que o inicialmente previsto.
José Inácio Faria considera grave o facto de o Estado espanhol ter em mãos o início de um procedimento de infração movido pela Comissão Europeia, por ainda não ter transposto a Diretiva (UE) 2014/87, que faz alterações importantes ao quadro comunitário para a segurança nuclear das instalações nucleares.
Aponta ainda, como agravante, o facto de após ter sido rejeitada, por contestação popular, a opção de se criar um aterro na meseta ibérica central, "que se arrisque a que o armazém de resíduos nucleares espanhóis em Almaraz passe de provisório a definitivo", uma opção que considera, a todos os títulos, "indesejável pelo risco sísmico e pela proximidade ao curso de água".
"Em 2020, caduca a vida útil deste tipo de central, mas o Governo espanhol tem mantido e estendido a operação para lá do desejável", sustenta.
Implantada em zona de risco sísmico
A central de Almaraz está situada junto ao rio Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.
O eurodeputado realça que a central está em operação desde 1981 (operação comercial desde 1983) e que está implantada em zona de risco sísmico e apenas a 110 quilómetros em linha reta da fronteira portuguesa.
"A central tem um sistema de refrigeração aberto para a albufeira de Arrocampo, que debita diretamente no rio Tejo, sem nunca se ter feito uma avaliação de impacto ambiental nem existir um plano de emergência transfronteiriço", sublinha.
José Inácio faria mantém-se convicto de que é necessário defender os cidadãos em risco, exigindo o encerramento no período de vida útil. Considera ainda que, a manter-se o atual quadro temporal, "será essencial um estudo de impacto ambiental e um plano de emergência transfronteiriço, já que tais medidas são inexistentes até aos dias de hoje", conclui.