Com eleições, o primeiro arrisca a derrota. E o segundo arrisca um doloroso calvário, para conseguir depois maioria estável para governar.
Assim, a continuidade de João Galamba no Governo é o preço necessário para que nada mude.
Um preço para acalmar as hostes mais à esquerda do PS que ainda não se conformaram com a antecipação da morte política de Pedro Nuno Santos.
A comissão da TAP pode revelar (ainda) males maiores, para os mais diferentes atores políticos. Pelo menos em teoria, há testemunhos suscetíveis de agravar a crise.
Tudo visto e somado, Costa, prudente, preferiu aguentar firme. E Marcelo Rebelo de Sousa contentou-se, para já, em concordar que discorda do chefe do Governo.
Como sublinha no seu comunicado, o Presidente não pode demitir ministros. É verdade. Porém, pode demitir o Governo e convocar eleições antecipadas.
Não o fez agora. Veremos se a TAP o obriga a ir mais longe.
Há casos em que um teatro bem (?) encenado visa apenas evitar uma derrocada geral, em jeito de dominó. Depois de cair a primeira peça ninguém controla os efeitos. Sabe-se como começa, mas ninguém sabe como se para.
Porém, se a dissolução da Assembleia da República fosse a única forma de parar a comissão de inquérito à TAP e prevenir danos maiores que estivessem para vir, então, e apenas nesse caso, as eleições antecipadas, com todos os seus danos colaterais, acabariam por ser um mal menor, para o Governo. E mesmo para o Presidente.