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Cerca de 7.500 pessoas morrem todos os dias por causa do trabalho, em todo o mundo. Este é apenas um dos dados preocupantes de um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Há novas formas de trabalho e novos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, muitos deles ainda desconhecidos. Com um século de experiência, no seu relatório sobre a “Segurança e Saúde no Centro do Futuro do Trabalho”, comemorativo do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, a OIT olha para o futuro e destaca aquilo a que chama “quatro grandes forças transformadoras, que impulsionam as mudanças: a tecnologia, as mudanças demográficas, o desenvolvimento sustentável e alterações climáticas e finalmente, as alterações na organização do tempo de trabalho.
Desafios que no entender da Organização Internacional do Trabalho devem levar os responsáveis públicos a antecipar novos riscos e emergentes em matéria de segurança e saúde no trabalho, a adotar uma abordagem multidisciplinar, a estabelecer uma relação mais estreita com a saúde pública, ao reforço das legislações nacionais e à promoção da colaboração entre governos, representantes dos trabalhadores e dos empregadores.
Os dados e as estimativas mais recentes, frisa a OIT, revelam que “existe um problema muito sério”.
- Um total de 2,78 milhões de pessoas morrem anualmente devido à insegurança ou falta de condições no trabalho: 2,4 milhões devido a doença profissional e 374 milhões por acidente de trabalho. São 7.500 mortes diárias; 6.500 devido a doença e mil por acidente.
- Calcula-se que os dias de trabalho perdidos representam cerca de 4% do PIB mundial.
- Segundo a OIT, as doenças cardiovasculares (31%), os cancros de origem profissional (26%) e as doenças respiratórias (17%) representam três quartos das mortes relacionadas com o trabalho.
- Os riscos ergonómicos e de lesões, os gases, os fumos e os ruídos são os fatores que mais contribuem para as doenças profissionais. Alguns estudos revelam que cerca de 20% das dores lombares e cervicais e um quarto das perdas auditivas se devem ao exercício da profissão.
- Como noutras situações, os trabalhadores de países pobres ou emergentes estão mais expostos aos riscos. Dois terços da mortalidade ligada ao trabalho ocorre na Ásia. A restante é quase igualmente distribuída por África, Europa e América.
- Nos países desenvolvidos mais de metade das mortes devem-se a cancros de origem profissional. África, pelo contrário, regista a maior percentagem de doenças transmissíveis relacionadas com o trabalho e acidentes.
- A taxa de desemprego juvenil (cerca de 13%) é três vezes superior à dos trabalhadores mais velhos e normalmente, os jovens têm cerca de 40% mais acidentes. Por um lado, não têm experiência, o que os leva a aceitar trabalhos e tarefas mais perigosas, por outro, estão muito frequentemente em situação laboral precária, o que os impede de negociar melhores condições de trabalho.
- A temperatura global deverá aumentar cerca de 1,5ºC até 2030, o que dará origem à destruição de 72 milhões de empregos, sobretudo na Ásia Meridional e Sudoeste Asiático, África Central e Ocidental, regiões à volta da linha do Equador, onde o aquecimento se torna mais rápido e onde vivem 4 .000 milhões de pessoas, das mais pobres do mundo. As temperaturas insuportáveis, a subida do nível das águas do mar e a desertificação vão reduzir consideravelmente as zonas onde será possível viver e trabalhar. Na Ásia Meridional estima-se que a perda de horas de trabalho por causa do calor ronde os 5%.
- Apesar do desenvolvimento da “economia verde”, a OIT adverte que nem todos os empregos criados são seguros e decentes. Por outro lado, nos países emergentes e em desenvolvimento, há 25 milhões de pessoas que vivem da recolha de lixos, muitas vezes enviados dos países desenvolvidos. São sobretudo mulheres e crianças, sem qualquer tipo de proteção económica, social ou legal e estão expostos a múltiplos riscos e a materiais muito perigosos. Dez milhões estão na China.
- Um terço das pessoas faz um número excessivo de horas, ou seja, mais de 48 horas por semana. O uso das novas tecnologias e os horários flexíveis – à partida, com interesse para o trabalhador conseguir conciliar a vida profissional e pessoal – levam ao desaparecimento da “barreira” entre o tempo de trabalho e o tempo de ócio, gerando frequentemente situações de stress e doenças profissionais.
- Mais de 60% da força de trabalho no mundo tem um emprego informal, mas na Ásia Meridional ultrapassa os 80%, na África Subsaariana 66% e 51% na América Latina. Na Europa ronda os 10%