O economista João Duque refere à Renascença que a antiga CEO da TAP tem "fatores favoráveis" para exigir uma indemnização de 5,9 milhões de euros, como foi anunciado esta quarta-feira.
O processo deu entrada na terça-feira no Tribunal Central Cível de Lisboa, de acordo com a informação disponibilizada pelo portal Citius.
A ex-diretora executiva da companhia aérea nacional interpôs ações judiciais contra a TAP SA e a TAP SGPS.
À Renascença, João Duque refere que, de um ponto de vista da gestão da empresa "e do sucesso elogiado pelos ministros", Christine Ourmières-Widener não percebe o porquê de ter sido demitida.
"Aparentemente, é fácil ter argumentos para aduzir do ponto de vista económico, mas também terá algumas fragilidades. Não é um caso de preto no branco e a Justiça irá decidir", acrescenta.
Por outro lado, o especialista critica o ambiente criado à volta da saída polémica da antiga CEO, dizendo que "é resultante da relação da tutela com a empresa".
"Essa forma de trabalho não é saudável. Em cima de um ambiente que não é saudável, a situação teve um mau fim", considera, ainda.
Christine Ourmières-Widener foi demitida a 6 de março deste ano através de uma declaração pública do ministro das Finanças, Fernando Medina, em que também foi conhecido o afastamento de Manuel Beja, presidente do conselho de administração da TAP.
O ministro invocou justa causa e garantiu, na altura, que o Estado não tencionava indemnizar Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja.
As demissões aconteceram na sequência do caso Alexandra Reis. Um relatório da Inspeção-Geral da Finanças (IGF), divulgado por Fernando Medina, concluiu pela nulidade do acordo celebrado em janeiro de 2022 e a ex-gestora da TAP terá de devolver a verba "indevidamente paga", no valor de 500 mil euros.