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O silêncio foi rei e o ambiente nunca chegou a aquecer no Capitólio, em Lisboa, que serviu de quartel-general do Bloco de Esquerda para a noite eleitoral. Ao final da tarde, quando abriram as portas, a sala estava depenada. Foi só quando o até aqui líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares foi ao púlpito, que as cadeiras se foram preenchendo.
Mas foi depois das 22h00 que Catarina Martins reagiu ao resultado, e não escondeu que foi um mau resultado.
“É um mau resultado, é uma derrota. Neste partido encaramos as dificuldades tal como elas são. A estratégia de António Costa foi bem sucedida. Ao que tudo indica, o PS deve ter maioria absoluta”, assumiu a líder do partido.
Segundo Catarina Martins, a derrota do Bloco de Esquerda é agravada pela subida do número de votos conseguido pelo Chega. “É também um mau resultado por causa do resultado da extrema-direita. É verdade que fica aquém dos resultados que André Ventura teve nas presidenciais, mas cada deputado racista eleito no Parlamento português é um deputado a mais. E cá estaremos para os combater todos os dias”.
Ainda assim, Catarina Martins lançou uma farpa às empresas que fazem sondagens, sugerindo que isso pode ter prejudicado a esquerda. “Era preciso combater a direita. Mas devemos perguntar-nos que balanço faremos das sondagens e dos comentários que alimentaram uma bipolarização que nunca existiu. E de uma possibilidade de a direita chegar ao poder que nunca existiu”, e deixou a crítica à comunicação social. “Esse é um balanço que faremos em conjunto: o Bloco de Esquerda e a comunicação social”.
O discurso, apesar de ser de assunção da derrota eleitoral, acabou por ser recebido com palmas por parte dos militantes que estavam no Capitólio. Catarina Martins não demonstrou sinais de fraqueza, e foi questionada sobre o futuro da liderança do partido. “Tivemos uma convenção há seis meses e a atual direção cá estará para assumir todas as responsabilidades”, mas acrescentou que “nunca foi na sequência de resultados eleitorais que o Bloco de Esquerda decidiu a sua direção”.
O Bloco perde mais de dois terços dos deputados que tinha até agora, apesar disso, Catarina Martins não se arrepende de ter votado contra o Orçamento do Estado, que provocou as eleições antecipadas.
“As razões do voto nunca foram tática eleitoral. O facto de termos tido um mau resultado eleitoral, não significa que comecemos a acreditar que o Orçamento era bom. Não era”.
Catarina Martins saiu depois da sala, e a noite acabou cedo. Sobraram os militantes que se juntaram no exterior do Capitólio a beber cerveja e vinho. Os últimos a ficar no auditório foram dois militantes. Ficaram de pé, em frente à televisão, a ver os discursos dos restantes líderes partidários e do reeleito primeiro-ministro, António Costa.