Pelo menos 70 pessoas, muitas delas crianças, morreram no último ataque levado a cabo no enclave rebelde de Douma, no sábado à noite. Organizações não-governamentais falam num dos piores ataques químicos na Síria. Forças oficiais e Moscovo refutam tal acusação.
De acordo com os Capacetes Brancos, ONG dedicada ao resgate de vítimas das zonas sob controlo dos rebeldes sírios, a maioria das vítimas são mulheres e crianças. “Foram sufocadas até à morte”, acusa o presidente da organização, adiantando que centenas de outras ainda estão a sofrer efeitos da intoxicação.
Raed al-Saleh considera que o número de vítimas ainda deverá subir, tendo em conta que muitas estão em grave situação de saúde.
Como prova, a ONG mostra fotos e vídeos que revelam como foi perpetrado o ataque.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos fala em menos vítimas mortais (pelo menos 80), metade dos quais devido a asfixia resultante do colapso das infraestruturas (inclusive de abrigos), depois de um bombardeamento aéreo na periferia norte de Douma, nas proximidades do Cemitério Antigo.
Há ainda outras fontes que falam em mais de 100 mortos.
Este domingo, aquele Observatório denuncia que os bombardeamentos em Douma foram retomados durante a madrugada, após uma breve pausa de perto de duas horas.
Segundo esta ONG, o intervalo terá coincidido com o reinício das negociações entre a Rússia, a Síria e o Exército do Islão (Jaish al-Islam), que controla Douma.
A ONG relata que, de madrugada, se registaram bombardeamentos e ataques com mísseis e explosivos contra a cidade.
Negociações em curso?
A intenção foi anunciada este domingo de manhã. Segundo um canal de televisão pró-oposição síria, as duas partes (Rússia e Exército do Islão) estão prestes a chegar a um acordo.
A notícia é avançada pela agência Reuters, ainda sem qualquer confirmação do lado do Jaish al-Islam (Exército do Islão).
Damasco e Moscovo negam ataque químico
A agência oficial síria, SANA, nega qualquer responsabilidade das forças sírias e assegura que "as denúncias do uso de substâncias químicas em Douma são uma tentativa clara de impedir o progresso do Exército", que na sexta-feira iniciou uma ofensiva contra os rebeldes naquela zona.
A Rússia também nega que o regime sírio tenha usado armas químicas em ataques na cidade de Douma, último bastião rebelde nos arredores de Damasco.
“Negamos veementemente essa informação”, afirmou este domingo o general Yuri Yevtushenko, chefe do departamento russo que está em negociações sobre o conflito na Síria, citado por agências noticiosas russas.
“Assim que Douma for libertada”, acrescentou, a Rússia enviará para o local “especialistas em armas nucleares, químicas e biológicas para recolherem dados que confirmem que as acusações [dos Estados Unidos] são falsas”.
Os Estados Unidos já denunciaram a “proteção incondicional” da Rússia ao regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, e exigiram o “fim imediato” do mesmo.
A ofensiva em Gouhta é a mais mortífera destes sete anos de guerra na Síria, mais de 1.600 civis mortos, nas contas do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.