O secretário-geral da ONU, António Guterres, repreendeu esta quinta-feira os esforços climáticos norte-americanos e de outras potências mundiais, afirmando que as perfurações de petróleo e gás que levam a cabo são uma "sentença de morte" para o planeta.
Numa mensagem de vídeo transmitida no Fórum sobre Energia e Clima, organizado pela Casa Branca, o líder da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem nas questões ambientais uma das prioridades do seu mandato, repreendeu publicamente os líderes das grandes potências mundiais, as quais descreveu como "os maiores emissores" de gases por queima de combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento global.
Este desafio ambiental ganhou um novo ênfase após o início da guerra russa na Ucrânia e outras ameaças ao abastecimento mundial de petróleo e gás, que estão a levar os Estados Unidos e outras nações a aumentar - de forma prejudicial para o clima - a produção de petróleo, gás natural e carvão para combustível.
Biden abriu o Fórum relatando os valores multimilionários que o seu Governo tem investido em esforços climáticos e anunciou mais mil milhões de dólares (912 milhões de euros) em novos financiamentos climáticos para os países em desenvolvimento, assim como novos programas.
No entanto, nos Estados Unidos e em outros países, a procura renovada por combustíveis fósseis está a criar conflitos com os esforços, planos e promessas climáticas.
"As divisões geopolíticas não devem confrontar a luta climática mundial", alertou Guterres no seu vídeo.
"A ciência é clara: novos projetos de combustíveis fósseis são totalmente incompatíveis" com a manutenção do aquecimento global dentro dos limites com os quais Washington e cerca de 200 outros Estados se comprometeram no acordo climático de Paris de 2015, disse o chefe da ONU.
As atuais políticas nacionais estão a levar o mundo a níveis quase duas vezes superiores, disse Guterres, as quais classificou de "sentença de morte".
"No entanto, muitos países estão a expandir a sua capacidade. Exorto-vos a mudar de rumo", pediu Guterres, cujos apelos por uma paragem imediata das novas perfurações de petróleo e gás aumentaram desde que um relatório divulgado no mês passado indicou que o mundo está a caminhar rapidamente para níveis mais desastrosos de aquecimento global.
Guterres não mencionou especificamente os Estados Unidos ou outro país na sua mensagem, mas as políticas que criticou, incluindo a expansão da produção de combustíveis fósseis, aplicam-se aos Estados Unidos, parceiros estratégicos de Washington no Golfo e muitos outros.
O ex-presidente Barack Obama criou este Fórum como uma forma de fazer com que as maiores economias e poluidores mundiais conversem entre si sobre cortes de emissões e financiamento climático.
Biden reavivou esta cimeira anual após o ex-presidente Donald Trump a ter deixado para trás.
O evento deste ano ocorre num momento em que a invasão russa da Ucrânia ainda decorre, conflito que interrompeu o mercado e que fez aumentar a relutância da Arábia Saudita e de outros produtores de petróleo em aumentar a sua extração de curto prazo em resposta.
Os elevados preços do gás que daí resultaram no ano passado derivaram em problemas políticos para Biden e outros líderes nos seus respetivos países.