O diretor-geral da Associação Empresarial dos Setores Elétrico, Eletrodoméstico, Eletrónico e das Tecnologias da Informação e Comunicação (Agefe), Daniel Ribeiro, pediu este domingo um Orçamento do Estado para 2024 que dê sinal de ambição, sem ser imprudente.
“Seria muito mau sinal que o orçamento, sem ser imprudente, não desse um sinal de ambição. Não pode ser de tal maneira restritivo que ele próprio contribua para aprofundar o abrandamento da economia”, defendeu Daniel Ribeiro, em entrevista à agência Lusa, a propósito do Orçamento do Estado para 2024, que será entregue na terça-feira.
O responsável lembrou o recente apelo à prudência feito pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, tendo em conta os sinais de abrandamento da economia em 2024, mas considerou que “a economia carece de dinamização” e que “o Governo tem de fazer o seu papel”.
A associação enviou ao executivo de António Costa um conjunto de propostas que gostaria de ver plasmadas no Orçamento do Estado, considerando que “este instrumento não pode deixar de dar um efetivo contributo para os principais objetivos estruturais a que o país se propôs, que são as questões relativas à transição energética, à diminuição da fatura energética dos portugueses, à descarbonização da economia e à digitalização das pequenas e médias empresas”.
Entre as medidas propostas estão, por exemplo, a promoção da substituição de eletrodomésticos ineficientes por equipamentos eficientes.
“Embora anunciada desde o primeiro Plano Nacional de Ação para a Eficiência energética, há mais de 15 anos, esta medida nunca saiu do papel”, apontou o responsável da Agefe.
Adicionalmente, a associação propês ainda a criação de um Vale Mobilidade, para a instalação de infraestruturas para carregamento de veículos elétricos, em particular nos condomínios e nas empresas, a criação de um Vale Solar para a instalação de sistemas fotovoltaicos e outros equipamentos de produção de energia renovável, por parte das famílias e das empresas, e a criação de um Vale Digital, a exemplo do “kit digital” em Espanha ou como o definido pelo Governo para as ‘startup’, mas, neste caso, acessível a todas as micro e pequenas empresas.
“Acreditamos que só o fortalecimento da economia e a criação de condições para fomentar a produtividade e o aumento do valor acrescentado das empresas permite, depois, pensar em toda a questão da valorização dos salários, que pretendemos que exista na economia e nos nossos setores”, apontou Daniel Ribeiro.
O diretor-geral admitiu que o contexto de inflação “não tem sido fácil” para as empresas que a Agefe representa, que não conseguem traduzir no preço de venda as condições de compra.
“Tem havido uma pressão sobre o valor acrescentado das empresas. […] Já se começam a ver alguns problemas de financiamento”, adiantou o responsável.