O Presidente francês Emmanuel Macron considerou que o seu homólogo russo Vladimir Putin cometeu um "erro histórico e fundamental" ao atacar a Ucrânia e que hoje está "isolado".
"Penso, e disse-lhe, que cometeu um erro histórico e fundamental para o seu povo, para si próprio e para a História", declarou Macron no 100º dia do conflito, em declarações a diversos 'media' regionais franceses.
"Penso que está isolado. Encerrar-se no isolamento é uma coisa, saber sair é um caminho difícil", sublinhou igualmente Macron.
O Presidente francês repetiu que não será necessário "humilhar a Rússia" -- uma fraseologia muito mal recebida no leste da Europa --, "para que quando terminarem os combates um dia, possamos encetar um caminho de saída pelas vias diplomáticas".
Ao ser questionado sobre uma eventual deslocação a Kiev, e quando muitos dos seus homólogos europeus já visitaram a capital ucraniana, respondeu: "Hoje, nada excluo".
"Queremos aumentar o apoio financeiro e militar à Ucrânia. E por fim, tudo fazer para permitir que os cereais saiam da Ucrânia", acrescentou, e contradizendo Vladimir Putin, para quem a exportação de cereais "não será um problema".
As entregas pela França de canhões Caesar ao exército ucraniano serão "compensadas", precisou ainda.
"Pedi aos nossos industriais para acelerarem a produção de armamentos, não se trata apenas de repor os nossos 'stocks' mas também de reforçar a nossa independência", insistiu o chefe de Estado.
Um francês foi morto "em combates" na Ucrânia, informou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, 100 dias após o início da invasão russa.
"Soubemos da triste notícia de que um francês foi mortalmente ferido nos combates na Ucrânia", disse o Quai d'Orsay num comunicado em que apresenta "condolências à família".
De acordo com uma fonte de segurança entrevistada pela France-presse, o homem era "um militar que saiu como voluntário" para lutar na Ucrânia.
Dois jornalistas da agência noticiosa Reuters ficaram hoje ligeiramente feridos no leste da Ucrânia, enquanto o seu motorista, proveniente da região controlada pelos separatistas russófonos, foi morto, anunciou a agência.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, pelo menos oito jornalistas já foram mortos no terreno no exercício da profissão, segundo um a contagem da ONG Repórteres sem fronteiras (RSF).
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas, de acordo com os dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados e de deslocados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou a morte de mais de 4.100 civis e de quase 5.000 feridos na guerra, que hoje assinala o seu 100.º dia, com a organização a admitir, no entanto, que estes números ficam aquém da realidade.