A Ordem dos Médicos (OM) alertou esta segunda-feira que a demora na aprovação de contratos com profissionais de saúde no Hospital das Forças Armadas pode implicar, no polo do Porto, a transferência de doentes e suspensão de atividade programada.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário da OM, Miguel Guimarães, contou que o Hospital das Forças Armadas – Polo do Porto (HFAR-Porto) aguarda a aprovação de contratos de 14 assistentes técnicos, 38 assistentes operacionais e de dois técnicos superiores, num total de “54 profissionais que são muito importantes para a saúde militar no global”.
“Isto causa um impacto muito grande no funcionamento de um hospital. Pelo que me foi transmitido hoje, já houve uma reunião no hospital para definir o plano de contigência, caso venha a ser necessário tomar medidas”, contou o bastonário.
Questionado sobre que medidas podem estar em cima da mesa, Miguel Guimarães explicou que, “dependendo do nível de contingência”, em causa pode estar a transferência de doentes para hospitais civis, bem como a suspensão de consultas, exames complementares de diagnóstico e cirurgias.
“O Governo tem de ter sensibilidade. Temos aqui 54 famílias que trabalham há vários anos para o HFAR-Polo do Porto, mas têm de dar um rumo à sua vida”, defendeu o bastonário, lembrando “o papel fundamental que os militares tiveram na pandemia”.
Na sexta-feira, numa nota de imprensa, a OM referia já, secundando declarações do ex-diretor do antigo Hospital Militar de Belém Esmeraldo Alfarroba, que "a falta de médicos e profissionais de saúde" no Hospital das Forças Armadas - que tem polos em Lisboa e Porto - é uma "situação recorrente", pelo que pedia à tutela que reúna "todas as condições" para a resolução "com urgência" de uma "situação crítica".
À Lusa, na quinta-feira, o Ministério da Defesa Nacional indicou que "os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados", acrescentando estar "a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a direção do Hospital das Forças Armadas e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos".
Na quinta-feira, reagindo às notícias, Esmeraldo Alfarroba disse que a falta de pessoal no Hospital das Forças Armadas "não é nova" e pediu a intervenção do Presidente da República (por inerência também comandante supremo das Forças Armadas) e do Governo (que tutela as questões ligadas à defesa e aos militares).
De acordo com Esmeraldo Alfarroba, militar e pneumologista, o quadro orgânico de pessoal do Hospital das Forças Armadas "nunca foi preenchido completamente" e a falta de profissionais é da ordem dos 39%. "Uma falta deste nível é imenso", sublinhou.