O ex-presidente norte-americano Donald Trump recuou esta segunda-feira nas declarações que fez no sábado, quando indicou que deveria "acabar-se" com a Constituição para que pudesse ser reintegrado na Presidência, afirmando agora tratar-se de "notícias falsas".
"As notícias falsas estão, na verdade, a tentar convencer o povo americano de que eu disse que queria 'acabar' com a Constituição. Isso são simplesmente mais desinformação e mentiras, assim como Rússia, Rússia, Rússia e todos os seus outros embustes e esquemas", escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.
Numa segunda mensagem escrita em letras maiúsculas, Trump insiste que "se uma eleição for inegavelmente fraudada, ela deve ir para o vencedor por direito ou, pelo menos, ser repetida".
"Quando há uma fraude aberta e flagrante, não deve haver limite de tempo para alterá-la", rebateu.
Na manhã de sábado, Donald Trump recorreu à Truth Social para dizer que os "pais fundadores" da democracia americana "não quereriam, nem aprovariam, eleições falsas e fraudulentas", voltando a alimentar teorias da conspiração sobre a sua derrota eleitoral nas últimas presidenciais e criticando as empresas tecnológicas por, alegadamente, estarem alinhadas com os Democratas.
"Uma fraude maciça deste tipo e magnitude permite a rescisão de todas as regras, regulamentos e artigos, mesmo aqueles encontrados na Constituição", publicou o magnata, que já apresentou a candidatura à Presidência em 2024.
As declarações do Republicano motivaram reações dentro e fora do seu partido, caso da congressista Republicana Liz Cheney, que classificou Donald Trump como "inimigo da Constituição".
"Nenhuma pessoa honesta pode agora negar que Trump é um inimigo da Constituição", escreveu Cheney na rede social Twitter, no domingo.
Também o seu ex-vice-presidente, Mike Pence, rejeitou hoje as afirmações de Trump de que deveria "acabar-se" com a Constituição do país para que pudesse ser reintegrado na Presidência.
"Acho que todos que ocupam cargos públicos, todos que desejam servir ou voltar a servir, devem deixar claro que apoiam e defendem a Constituição dos Estados Unidos, o que acredito que, pela graça de Deus, pude fazer durante não apenas o meu mandato como vice-presidente, mas durante aqueles dias tumultuosos no final", disse Pence, que foi 'número dois' de Trump, à estação de rádio WVOC.
Pence, que prepara terreno para lançar a sua própria corrida presidencial, comentava assim as declarações feitas no fim de semana pelo ex-chefe de Estado Donald Trump, que defendeu a anulação das eleições presidenciais de 2020 e "que se acabe" com a Constituição americana, ao exigir a sua reintegração na presidência.
Ao mencionar os "dias tumultuosos no final", Pence referia-se ao ataque ao Capitólio levado a cabo por apoiantes de Donald Trump a 6 de janeiro de 2021, e que resultaram no desentendimento entre os dois políticos, outrora aliados.
A posição do ex-presidente dos Estados Unidos motivou também uma reação da Casa Branca, com o porta-voz Andrew Bates a criticar as declarações como um "anátema sobre a alma da nação", apelando para que Trump seja "universalmente condenado" por estas afirmações.
"Não se pode amar a América apenas quando se ganha. A Constituição dos Estados Unidos é um documento sacrossanto que há mais de 200 anos assegura que a liberdade e o Estado de direito prevalecem no nosso grande país. A Constituição une o povo americano, independentemente do partido, e os líderes eleitos fazem o juramento de a defender", afirmou Bates.