Greve dos revisores da CP. Em cada três comboios, dois foram suprimidos
31-05-2023 - 07:18
 • André Rodrigues , João Cunha , Daniela Espírito Santo , Pedro Valente Lima com Renascença

Nas estações do Oriente, em Lisboa, e de S. Bento, no Porto, já se sentem os efeitos desta paralisação. Até às 10h00, não se realizaram mais de 63% das viagens agendadas.

Se precisa de apanhar um comboio esta pode ser uma manhã complicada. Os revisores acusam a CP de discriminação salarial e cumprem uma greve de 24 horas.

Na Estação do Oriente, em Lisboa, já se sentem os efeitos desta paralisação. No painel informativo, das oito ligações previstas para os últimos 20 minutos, todas, à excepção de uma, foram suprimidas.

O impacto sente-se, sobretudo, nos comboios suburbanos e nos regionais. Na estação, muitos são os que chegam e são apanhados de surpresa. No placar informativo a certeza de que vai ser uma manhã complicada para chegar ao emprego.

A norte, em Caniços, Famalicão, há duas horas que não há comboios para o Porto. Quem todos os dias utiliza a linha de Guimarães para ir para o trabalho teve, esta quarta-feira, que encontrar alternativas.

Já na própria cidade do Porto, na Estação de S. Bento, o cenário não é muito diferente. Os passageiros queixam-se dos vários comboios suprimidos e veem-se forçados ou a esperar pelo próximo anúncio nos ecrãs, ou a desistir.

Serafim Pinto precisa de se deslocar para trabalhar, em Famalicão, mas foi "apanhado de surpresa". "As pessoas têm direito a deslocar-se, não têm culpa do resto, mas pagamos sempre tudo por causa dos outros. Não tem jeito nenhum", aponta.

Pelas 8h50, face à supressão de um comboio, o homem de 66 anos viu-se obrigado a aguardar por nova viagem, prevista para as 10h50. "Não sei é se vou ser obrigado a desistir. Está tudo suprimido para todos os lados."

Para Braga vai Sílvia Silva. A estudante de 22 anos tem um teste marcado na faculdade, mas o comboio que ia apanhar, às 7h15, foi suprimido.

"Estou na esperança de haver [comboio] às 10h00, como me disseram que havia serviços mínimos", conta à Renascença.

A jovem sente que a linha de Braga tem sido a mais prejudicada: "Os outros também foram suprimidos, mas houve um ou outro [comboio] que partiu. Para Braga, até ao momento, ainda não foi nenhum".

Eduardo Moreira também não vê comboios para Aveiro. Tanto a viagem das 8h50, como a das 9h50 foram suprimidas, mesmo tendo assegurado os horários dos serviços mínimos no dia anterior.

"Eu tinha visto ontem a lista de comboios que iam aparecer para garantir os serviços mínimos, mas mesmo assim não [os] conseguiram garantir", lamenta.

Com a próxima partida agendada - se não for cancelada - às 12h50, o jovem de 22 anos vai jogar pelo seguro: "Vou ter de trabalhar a partir de casa".

Os dados mais recentes disponibilizados pela empresa indicam que, entre a meia noite e as 10h00, foram suprimidas 278 das 437 ligações previstas, uma taxa de supressão que ultrapassa os 63%.

De acordo com os mesmos dados, estavam estipuladas 157 ligações nos serviços mínimos decretados, tendo ficado, ainda assim, seis por realizar.

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[Notícia atualizada às 10h20 de 31 de maio de 2023]