A maioria dos inquiridos no barómetro deste mês promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), em colaboração com a Renascença, Jornal Económico e Netsonda, reafirma que concorda com o pagamento de um valor para despesas durante o teletrabalho: 58% contra 41%.
Mas a forma como deve ser fixado este valor divide as opiniões: 25% apoiam que seja definido por lei, 33% preferem que seja discutido em negociação coletiva.
A maioria é sensível aos argumentos da UGT e do antigo ministro Vieira da Silva, que invocaram o atual momento "atípico e de incerteza" da pandemia para defender o adiamento da regulação do teletrabalho. Mais de metade (53%) diz que não é o momento para mexer nestas matérias, contra 46% que não se opõem.
Ainda sobre o teletrabalho, seis em cada 10 defendem que, nesta modalidade, as despesas diminuíram. Para 28%, este alívio é irrelevante – quase os mesmos que confirmam que as contas desceram; 8% falam mesmo em "diminuição de custos relevante".
Mas nem todos sentiram impacto, 25% dizem que mantêm os mesmos custos e quase 10% declaram que têm agora mais despesas.
Empresas precisam de mais apoios
O agravamento do malparado, a descapitalização das empresas e o aumento da desigualdade são algumas das consequências admitidas pelos inquiridos, se o Governo não avançar com mais medidas de apoio ao tecido empresarial.
A quatro meses de terminar o prazo das moratórias mais utilizadas pelos empresários (as públicas) quase 58% respondem que as medidas já anunciadas não são suficientes para travar o incumprimento, dado o fim das moratórias.
O reforço para a capitalização das empresas de 1.250 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é considerado curto. Para seis em cada 10, não é suficiente. Apenas 6% se mostram confortáveis com este valor.
Ainda mais expressiva é a resposta sobre o combate à desigualdade: 83% consideram que as medidas já conhecidas (nacionais e internacionais) não travam o problema.
Constitucional pode chumbar criminalização do enriquecimento
A esmagadora maioria (99%) concorda com o princípio da criminalização do enriquecimento ilícito em Portugal. O problema será levar a legislação até ao fim.
Os inquiridos estão literalmente divididos sobre a resposta do Tribunal Constitucional aos projetos apresentados pelos partidos. Metade acredita que terão luz verde do Palácio Ratton, contra exatamente 50%, que esperam um chumbo.
Este inquérito foi realizado entre 4 e 6 de maio, junto de 1.140 associados da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores.