Quinze quilómetros da marginal de Gaia estão, a partir desta terça-feira, servidos por 150 trotinetes espalhadas por 19 locais. A iniciativa faz parte de um projeto-piloto, uma experiência através da qual a autarquia pretende avançar com um regulamento municipal. O objetivo? Evitar o "estacionamento selvagem" e "trotinetes a passar sinais vermelhos e a invadir passeios".
A Câmara de Gaia reconhece que "estes modos suaves de mobilidade" estão "a invadir a cidade", algo que o presidente, Vítor Rodrigues, lamenta. "Infelizmente temos tido notícia de vários casos em que a utilização das trotinetes tem significado um distúrbio para a cidade", explica à Renascença.
O autarca dá como exemplo "o abandono dos veículos em qualquer sítio, a ocupação de passeios de forma anárquica e até alguns problemas sérios de segurança". E foi nesse sentido que o município decidiu lançar a CIRC, um projeto-piloto que vai permitir a utilização deste tipo de transporte "numa lógica de lazer, mas também numa lógica de transição de praia para praia, permitindo uma mobilidade que, de outra forma, apenas se faz de carro".
O objetivo, explica o autarca, é "perceber a reação das pessoas, perceber o que é que é preciso enquadrar num regulamento, para depois se poder avançar para a malha urbana".
Eduardo Vitor Rodrigues diz que este modo de transporte encerra potencialidades "desde que haja regulamentação séria" para "evitar azares”. Isto porque, “pior do que começar sem regras, é começar mal".
A ideia é “tudo fazer para que o projeto se perpetue” e "não seja um episódio que ao fim de meio ano acaba por cansaço". O projeto-piloto vai funcionar durante um ano e o regulamento deverá estar concluído até ao final de dezembro.
Para o autarca, só “desta forma será possível encontrar na trotinete uma verdadeira alternativa de mobilidade no interior da cidade”. Mas para tal, é preciso disciplina e civismo, ressalta Eduardo Vítor Rodrigues.
Assim, a trotinete "será uma alternativa quando tivermos todas as condições legais, jurídicas, para que seja uma alternativa enquadrável na normal prevenção rodoviária, para que não seja um estorvo", refere o autarca, que alerta também para situações registadas na Avenida da República em Gaia, “com a utilização de trotinetes por parte de cidadãos que passam os vermelhos, que no vermelho saltam para cima da passadeira e que passam pela passadeira, criando um sério problema de segurança".
Utilização está confinada à orla fluvial e marítima
Por agora, as trotinetes têm um perímetro de utilização delimitado: nesta primeira fase em Gaia, as 150 trotinetes espalhadas por 19 locais poderão ser usadas ao longo de 15 quilómetros de ciclovia.
E para confinar a utilização, os equipamentos da CIRC têm associada uma tecnologia que suspende a energia dos veículos quando ultrapassam a fronteira territorial do projeto.
Como explica Eduardo Victor Rodrigues, "a empresa tem tecnologia que permite que as trotinetes, se saírem do perímetro autorizado, percam capacidade de circulação com a eliminação da energia" e, portanto, “dessa forma o perímetro está limitado à orla marítima e orla fluvial".
A sua utilização está sujeita a uma aplicação disponibilizada pela CIRC. "Para utilizar uma trotinete é muito simples", explica João Reis, diretor de relações institucionais da empresa. Deve começar por "fazer o download da aplicação da CIRC, que indica os locais no mapa onde estão disponíveis as trotinetes" e depois, "através da aplicação, consegue-se desbloquear a trotinete por um euro".
A cada 15 minutos de viagem, o utilizador paga 15 cêntimos. Mas para ajudar a disciplinar o estacionamento das trotinetes, há descontos previstos para recompensar as boas práticas. "No custo total da viagem, a CIRC desconta 50 cêntimos se a pessoa colocar a trotinete no local correto", revela João Reis.