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O secretário de Estado Adjunto e da Saúde não quis pronunciar-se esta sexta-feira sobre um caso de alegada vacinação indevida contra a Covid-19, no Porto, por ainda desconhecer o que aconteceu, mas admitiu que o processo "possa correr menos bem".
"Não conheço o caso na sua especificidade", afirmou António Lacerda Sales aos jornalistas.
O governante admitiu que, por ser "um processo muito complexo do ponto de vista logístico e operacional, é natural que pontualmente e em determinadas circunstâncias possa correr menos bem".
"Estamos cá para ir corrigindo com serenidade, fazendo uma avaliação caso a caso, teremos de fazer essa avaliação num inquérito e aguardar pelas suas conclusões", rematou o secretário de Estado, à margem da inauguração de uma Unidade de Saúde Familiar em Alenquer.
A task force do plano da vacinação contra a Covid-19 participou à Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS) um caso de alegada vacinação indevida de utentes no Porto, disse esta sexta-feira o coordenador do plano.
"Mal tivemos um mínimo de dados [sobre o caso] fizemos uma participação ao nosso contacto com a Polícia Judiciária e outra à IGAS", afirmou o vice-almirante Gouveia e Melo, que falava aos jornalistas na ilha do Porto Santo, arquipélago da Madeira, onde se encontra a inteirar da evolução do plano local de vacinação.
Gouveia e Melo pediu também ao responsável máximo da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) "para que imediatamente tomasse providências para isto não voltar a acontecer e para se tirarem todas as consequências. Para todos os efeitos, é um ato de indisciplina".
Num plano "desta complexidade e com esta urgência e, sendo massivo, tem de haver disciplina", acrescentou.
Um número indeterminado de pessoas sem os requisitos exigíveis nesta ocasião terá recebido vacinas na zona do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Porto Oriental, num caso que chegou ao conhecimento da task force na quinta-feira.
Em comunicado remetido à agência Lusa, a estrutura liderada por Gouveia e Melo refere que a situação "indicia a prática de atos contrários nas normas e instruções em vigor", adiantando que a ARS-N "já solicitou a abertura de um processo de inquérito para se apurar o sucedido".
A ARS-N confirmou à Lusa abertura do inquérito, escusando-se a adiantar quaisquer detalhes.
A task force recorda, no comunicado enviado à Lusa, que "atualmente estão a ser vacinados, por agendamento central, por auto agendamento ou por agendamento local, os utentes com idade igual ou superior a 30 anos e, na modalidade casa aberta, utentes com idade igual ou superior de 50 anos".
Acrescenta que "não está prevista a vacinação de utentes abaixo das faixas etárias atualmente previstas, exceto utentes com as comorbilidades definidas na norma número 002/2021 da Direção-Geral da Saúde ou outras exceções definidas na mesma norma".
A vacinação alegadamente ilegítima foi publicitada numa rede social pela Junta de Freguesia de Campanhã, na zona oriental do Porto, mas fonte autorizada da autarquia disse que se limitou a publicitar a iniciativa a pedido do ACES da zona, exatamente nos termos solicitados. .
A publicação da junta no Facebook referia: "Dias 23 e 24 de junho, vacinação aberta das 17h00 às 19h30 no centro de vacinação do Cerco".
Segundo a Direção-Geral da Saúde, já há perto de três milhões de portugueses com a vacinação completa contra a covid-19, o equivalente a 29% da população.