Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu instaram esta quinta-feira os 27 a intensificarem o apoio ao Líbano, depois das devastadoras explosões no porto de Beirute que provocaram pelo menos 137 mortos.
Numa carta conjunta dirigida aos líderes da UE, Ursula von der Leyen, da Comissão, e Charles Michel, do Conselho, agradecem o “apoio imediato expressado por muitos” dos Estados-membros da UE e pela assistência que já foi prestada, especialmente através do mecanismo europeu de proteção civil, que foi ativado logo a seguir ao desastre.
O documento sublinha que o “dramático incidente terá consequências económicas muito importantes” para um país como o Líbano, “que já enfrentava muitos desafios, exacerbados pela pandemia de Covid-19”.
“Convidámos-vos a intensificar os vossos esforços em relação ao Líbano, tanto em relação às necessidades imediatas, como em vista à reconstrução a longo prazo do país”, escreveram ambos, apelando à solidariedade europeia e internacional em face da “dramática situação humanitária e às necessidades de reconstrução”.
Von der Leyen e Michel vincaram também a forte parceria entre a UE e o Líbano, “um país de importância estratégica que acolhe o maior número de refugiados 'per capita'”.
“Nós comprometemo-nos com a estabilidade do país através da assistência económica, o apoio aos refugiados sírios e recentemente com a resposta à pandemia de Covid-19”, recordam.
Para assegurar uma entrega eficiente e rápida, declararam que a UE está preparada para garantir a sinergia da ajuda que os países e a UE no seu conjunto vai fornecer ao Líbano, por meio de um mecanismo de coordenação que as instituições europeias vão colocar em marcha.
“Juntos, nós, como União Europeia, devemos contribuir para o caminho de uma recuperação que está para vir”, pode ler-se na carta.
Ainda esta quinta-feira, a UE anunciou o envio de 33 milhões de euros de ajuda de emergência para o Líbano, para além de equipas e meios técnicos.
Para além da verba, prometida por von der Leyen, numa conversa telefónica com o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, a UE colocou à disposição de Beirute equipas especializadas na deteção química, biológica, radiológica e nuclear e um navio militar com capacidade de helicóptero para evacuação médica, e equipamento médico e de proteção.
Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando, pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas.
Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, Marwan Abboud.
O Governo português indicou na terça-feira não ter indicações de que haja cidadãos nacionais entre as vítimas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem ao seu homólogo libanês, Michel Aoun, expressando “condolências aos familiares das vítimas mortais e desejos de rápidas melhoras a todos os feridos, bem como a sua solidariedade a todo o povo libanês”.
Também o Governo português expressou solidariedade com o Líbano e o seu povo, adiantando que participará no plano de apoio da União Europeia.
A Proteção Civil portuguesa está pronta para enviar até quatro equipas para o Líbano, disse à Lusa Duarte Costa, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Estas serão equipas relacionadas fundamentalmente com a resposta a emergência médica, a análise do ar e a atividades em estruturas colapsadas.
As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu.