Depois das suas declarações, o Ministério Público já anunciou que vai abrir um inquérito, a IGAS vai investigar por ordem do ministro da Saúde, a Ordem dos Médicos mostra-se perplexa, a associação dos administradores hospitalares diz que nunca tinha ouvido falar de tal coisa. Esperava estas reacções à denúncia que fez na Renascença?
Não, porque elas baseiam-se de uma coisa que eu não disse. Não estou preocupada com a investigação a uma coisa que eu nem sequer referi.
Mas disse que assistiu a episódios em que médicos sugeriram provocar um coma insulínico.
O que eu disse foi que este assunto é discutido dentro das equipas e continuei concluindo que não estava dizer que é isso que se faz, nem que as pessoas o fazem…
Mas quando a minha colega lhe pergunta directamente se há casos de eutanásia diz que sim e diz que não é a única que faz esta denúncia…
O que eu me estava a referir é que este um assunto da ordem do dia respeitante às equipas dentro dos corredores dos hospitais. Efectivamente ele existe e eu estive o tempo todo a referir-me a isto. Inferirem coisas das minhas declarações que não estão lá, eu não posso fazer nada relativamente a isso.
Mas também diz que assistiu a médicos a sugerirem um coma insulínico, não diz isso?
Sugerir, em equipa. Mas como se assiste, em equipa, a variadíssimas sugestões relativamente a uma série de coisas.
Mas se isto é um ilícito porque é que nunca denunciou?
Desculpe, eu não disse que se tinha cometido ilícito nenhum. Sugerir alguma coisa, discutir um assunto não configura nenhum ilícito. Discutir não é crime, sugerir não é crime, falar sobre as questões não é crime.
Nunca assistiu, nem viu, nem sabe de nenhum caso de eutanásia no SNS?
Mas eu nunca disse isso…
Mas estou a perguntar-lhe agora… Assistiu alguma vez?
Não, mas é que eu também nunca disse isso. Como é que é possível inferirem isso de uma coisa que eu nunca disse…
Para ficar claro de uma vez por todas, nunca assistiu a nenhum caso de eutanásia, nunca teve conhecimento de um caso de eutanásia no SNS?
Com certeza que não porque se tivesse é evidente que tinha a obrigação, não só como cidadã, mas uma obrigação deontológica e ética de o comunicar imediatamente.