Pelo menos três congressistas republicanos já anunciaram que vão votar a favor da destituição de Donald Trump, depois de apoiantes do Presidente terem invadido o Capitólio, na semana passada.
A terceira congressista republicana mais importante da Câmara dos Representantes, Liz Cheney, anunciou esta terça-feira que “nunca houve maior traição de um Presidente dos Estados Unidos ao seu cargo e ao juramento que fez à Constituição” do que aquele perpetrado na semana passada.
Trump “convocou esta turba, juntou esta turba e acendeu o rastilho deste ataque”, disse ainda a congressista, que é filha do antigo vice-Presidente Dick Cheney.
Cheney junta-se assim a outros dois representantes republicanos, John Katko e Adam Kinzinger, que afirmaram que votarão a favor da destituição de Trump, apesar de ele ter apenas mais oito dias no cargo.
A mudança de atitude do Partido Republicano não é total, havendo ainda quem não queira virar-se contra o Presidente, mas os líderes republicanos no congresso recusaram pedir aos seus colegas para apoiar Trump, preferindo dizer que cabe à consciência de cada um como votar no processo que os democratas estão a pedir.
Segundo o jornal “New York Times” o líder da bancada republicana no senado, Mitch McConnel, está satisfeito com a proposta dos democratas, sugerindo que o Partido de Trump quer afastar-se do seu legado depois do ataque da semana passada, que tirou a vida a cinco pessoas. O jornal acrescenta que McConnell está convencido de que o processo facilitará a expulsão de Trump do partido.
A votação poderá acontecer já esta quarta-feira, ao abrigo da 25.ª emenda da Constituição. A acontecer, será a primeira vez que esta emenda é invocada.
Trump já disse publicamente que a tentativa de o destituir não o preocupa. O tempo está do seu lado, uma vez que é muito pouco provável que o Congresso consiga concluir o processo de destituição em apenas oito dias, contudo, pode haver mais em jogo do que um gesto simbólico. Os democratas, e alguns republicanos, poderão estar a tentar bloquear qualquer tentativa de Trump voltar a candidatar-se daqui a quatro anos, como ele já disse que quer fazer.
Os três republicanos que já assumiram que vão votar com os democratas pela destituição não chegarão, porém, para o condenar. As regras do processo ditam que sejam necessários dois terços a favor da destituição, pelo que pelo menos 17 republicanos teriam de votar contra o Presidente.
Contudo, basta apenas uma maioria simples para o desclassificar de futuras candidaturas.