Um grupo de investigadores vai avaliar o estado de conservação dos morcegos (quirópteros), no âmbito da revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental.
O trabalho é liderado pelo Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), tem a duração de dois anos e conta com cerca de 100 mil euros ao abrigo de um projeto financiado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
De acordo com João Alexandre Cabral, coordenador científico do LEA e líder do projeto na UTAD, a monotorização a realizar prevê “rever e atualizar a lista taxonómica de referência de morcegos, atualizar a informação sobre a distribuição geográfica, habitats de ocorrência, estimativa populacional e as pressões que recaem sobre estas espécies, habitats e abrigos, com vista a uma adequada aplicação dos critérios de classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e a determinação do seu estado de conservação, segundo a Diretiva Habitats”.
A implementação do projeto contempla a realização de deteções acústicas, prospeção de abrigos e captura de morcegos, técnicas a partir das quais se pretende “recolher informação que permita atualizar a distribuição das diferentes espécies de morcegos que ocorrem em Portugal continental, de modo a colmatar as lacunas de conhecimento e avaliar rigorosamente o seu estatuto de ameaça e estado de conservação”, acrescenta o investigador.
O trabalho liderado pela UTAD, no âmbito do consórcio "Chiroptera", tem como parceiros a Universidade de Évora e a Universidade do Porto (CIBIO-InBIO), e está a ser desenvolvido em articulação com o ICNF.
Segundo a UTAD contará ainda com a participação de “voluntários com experiência confirmada e peritos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa”.
O novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, com data de publicação prevista para dezembro de 2021, tem como principal objetivo avaliar o risco de extinção de várias espécies de mamíferos, atualizando, assim, o último levantamento exaustivo realizado em 2005, tendo em consideração também o registo de novas ocorrências e/ou identificações de mamíferos em Portugal Continental, sempre com base nos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O projeto vai também contribuir para a avaliação do estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats realizada a cada seis anos.