Começa julgamento de 27 arguidos ligados ao movimento "hammerskins"
23-02-2022 - 10:33
 • Lusa

Arguidos são suspeitos de provocar várias vítimas na zona da Grande Lisboa entre os quais homossexuais, imigrantes e militantes comunistas.

Vinte e sete arguidos começam esta quarta-feira a ser julgados por crimes de ódio racial e sexual, ofensas corporais, incitamento à violência, tentativa de homicídio, tráfico de droga e posse de arma proibida, num processo ligado aos "hammerskin".

Os 27 arguidos conotados com o movimento "hammerskin" - grupo que exalta a superioridade racial da "raça´ branca face às demais - terá provocado várias vítimas na zona da Grande Lisboa entre pessoas homossexuais, imigrantes e militantes comunistas.

Segundo o Ministério Público, "dois dos ofendidos foram agredidos com facas e outros objetos corto-perfurantes no abdómen e tórax, sendo que as partes do corpo visadas e atingidas eram aptas a determinar as suas mortes, o que apenas não se verificou por razões alheias às vontades dos agressores".

Em algumas das agressões, prossegue o despacho acusatório, "os arguidos agiram ainda com o propósito de fazerem, danificarem, partirem e destruírem bens dos ofendidos".

"Alguns arguidos detinham na sua posse diversas armas e munições, cujas características conheciam, bem sabendo que não as poderiam deter, seja porque não eram titulares das respetivas licenças, seja por serem insuscetíveis de legalização", refere o despacho do MP.

Segundo o MP, alguns dos arguidos tinham ainda droga, que se destinaria a venda.

De acordo com o MP, ficou "suficientemente indiciado que os arguidos agiram com o propósito de pertencer a um grupo que exaltava a superioridade da "raça" branca face às demais raças, sabendo que, pertencendo a tal grupo deveriam desenvolver ações violentas contra as minorias raciais, assim como contra todos aqueles que tivessem orientações sexuais e políticas diferentes das suas".

"Imbuídos de tal ideologia, desde pelo menos 10 de junho de 2015, os arguidos passaram a atuar de acordo com a mesma, agredindo e ofendendo pessoas com ideais políticos, raça, religião ou orientação sexual distintos dos seus e incentivando ao ódio e à violência contra aqueles", diz a acusação.

Numa das situações descritas na acusação e que data de 2015, os insultos e as agressões incidiram sobre um militante do PCP que saía de um comício daquele partido e que trazia consigo uma bandeira da CDU.

Este grupo violento foi desmantelado no decorrer de uma operação da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), em 2016, altura em que este departamento policial era dirigido pelo atual diretor nacional da PJ, Luís Neves.