O homem-forte da Microsoft já é um "habituê" da Web Summit e, este ano, não voltou a faltar. Saltitando entre palcos, Brad Smith esteve, esta quinta-feira, num dos palcos "secundários" a discutir o papel da tecnologia durante a pandemia e, pelo caminho, aproveitou para deixar algumas considerações sobre a indústria onde se insere.
Perante o poder que as companhias de Sillicon Valley têm atualmente, Brad Smith defende que "as companhias tecnológicas precisam de pensar de forma mais abrangente e exercer mais contenção e responsabilidade social".
Brad Smith não é dramático quanto a esse papel. "Não acredito que as empresas sejam mais importantes que os governos, mas houve outras alturas na História em que as empresas tinham mais poder que os governos", explica, dando como exemplo os bancos, nos anos 30.
"Pode estar a acontecer agora o mesmo, mas é sempre uma coisa de duração curta, porque não é a ordem natural das coisas, nem devia ser", sublinha.
O presidente da Microsoft adverte que "o mundo funciona melhor com governos eleitos pelas pessoas" e "quando algo, na economia, cresce para além disso, o processo democrático tem de reassumir o controlo com regulamentação".
"Acredito totalmente que os anos 20 vão fazer à tecnologia o que anos 30 [do século passado] fizeram aos bancos."
Usando outro exemplo norte-americano, Brad Smith compara a tecnologia a uma "ferrovia que avança pelo mundo" e que, como tal, "é maior que um só Estado".
Para resolver tal grandiosidade, só com trabalho em conjunto. "Os governos precisam de trabalhar juntos para regular" de forma homogénea, defende.
Brad acredita que já é isso que começa a acontecer. "Todos os dias vemos líderes a conversar uns com os outros sobre a regulamentação que é preciso adotar. Vivemos numa nova era da regulamentação global. A tecnologia está a tornar-se global, a regulamentação também precisa de ser global", remata.