Os diretores de agrupamentos e escolas públicas consideram preferível que os professores possam concorrer todos os anos para mudar de escola, se isso contribuir para uma pacificação do ambiente no ensino.
A proposta que o Ministério da Educação vai apresentar aos sindicatos prevê mudanças no recrutamento docente, permitindo que os efetivos deixem de estar obrigados a uma periodicidade de quatro anos para concorrer a uma colocação mais próxima da área de residência.
No passado, essa possibilidade foi fortemente criticada pelos diretores de escolas, que consideravam que essa medida punha em risco a fixação de docentes e a previsibilidade dos projetos educativos, sobretudo nas zonas do interior do país.
Em declarações à Renascença, Filinto Lima, da Associação Nacional de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) admite que essa “continua a ser uma preocupação dos diretores”, mas reconhece, por outro lado, que, numa altura de enorme crispação no ensino, “não queremos professores agarrados durante quatro anos a uma escola, podendo ficar mais perto de casa. Queremos que eles estejam felizes nas escolas onde, anualmente, estão a lecionar. Ou então que optem por mudar, se for essa a sua decisão. Isso não irá, seguramente, pôr em causa a continuidade dos projetos educativos”.
No entanto, para que assim seja, Filinto Lima pede que seja dada uma atenção especial aos professores contratados, integrando-os nos quadros do Ministério da Educação.
“Estão no sistema há 10, 15, 20 e mais anos e são muito maltratados pelo sistema educativo”, critica o presidente da ANDAEP, que pergunta “como é possível que um país que luta com a falta de professores envie milhares de docentes para o desemprego no dia 1 de setembro?”
Negociações? "Não tenho ilusões"
No imediato, Filinto Lima diz não ter ilusões quanto a possíveis avanços nas duas rondas negociais entre o Ministério da Educação e as 12 estruturas sindicais.
O dirigente da ANDAEP lembra que, neste momento, “estamos só a falar do modelo de concurso de professores. Mas os verdadeiros dos professores passam por discutir os 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço que foram sonegados aos professores; passam por discutir a avaliação de desempenho dos professores e dos diretores, na qual ninguém se revê; passam pela discussão das barreiras fictícias no quinto e no sétimo escalões”.
“Tenho uma esperança muito reduzida naquilo que vai acontecer hoje e sexta-feira, porque, neste momento, não me parece estes problemas estejam em cima da mesa das negociações”, conclui.