Que a pandemia motive e não prejudique a solidariedade, apela o bispo da Guarda na mensagem de Natal. D. Manuel Felício recorda o isolamento absoluto nos estabelecimentos prisionais.
“Outra lição que o Menino de Belém nos dá é a da solidariedade, principalmente “nas prisões – e nesta Diocese estão sediados quatro estabelecimentos prisionais – precisam de sentir a presença e o conforto não só dos seus familiares, mas da própria sociedade como tal, que espera acolhê-los, depois de devidamente recuperados, na nova fase da sua vida. De facto, também nestas instituições, o diálogo com as famílias e a sociedade não pode ser interrompido, apesar dos riscos inerentes, sob pena de os tempos de reclusão criarem traumas irrecuperáveis”, reforça o prelado.
As “responsabilidades acrescidas” passam por arranjar novas estratégias, considera o bispo da Diocese da Guarda.
“Compreendemos os constrangimentos recomendados por causa dos contágios, mas não podemos resignar-nos a eles. É certo que é necessário travar os contágios, mas havemos de ter imaginação e coragem suficientes para travar os contágios sem interromper as relações. E felizmente estão já a ser ensaiados caminhos para, mesmo com a pandemia, os idosos poderem contar com a presença e o conforto dos seus familiares e amigos”, valoriza D. Manuel Felício,
O bispo aproveita para saudar um projeto recentemente anunciado naquela diocese, uma iniciativa que o Comando Distrital da GNR tornou pública, “que é criar um serviço de teleassistência para aqueles que se encontram sós em casa”.
D. Manuel Felício olha a solidão e o abandono das pessoas com preocupação. “São um desses dramas mais graves. Temos, nos nossos meios, crescente número de pessoas a viverem sós, umas em suas casas, mas longe dos familiares; outras acolhidas em lares, mas também longe dos afetos da família”. E apela ao reforço de novos meios humanos e materiais nos lares, “a começar pelo imprescindível acréscimo das comparticipações do Estado, principalmente sabendo nós que o horizonte é criar lares especializados”.
Ainda na mensagem de Natal deste ano, D. Manuel Felício falou do crescimento da pobreza na diocese da Guarda. “Na Covilhã cresceu três vezes mais a procura por bens de primeira necessidade e na diocese da Guarda cresceu mais do dobro a procura”, sublinha D. Manuel Felício.
“Este é o verdadeiro Natal”, conclui o bispo da Diocese da Guarda, na mensagem da quadra natalícia de um ano atípico. “Não podemos, é certo, celebrá-lo, este ano, como em anos anteriores; mas torna-se ainda mais urgente vivê-lo com os mesmos sentimentos do Menino de Belém. De facto, Ele veio para se fazer o próximo mais próximo de todos e para combater todos os dramas que afligem a humanidade”, enfatizando: “certamente que vai haver a missa do galo”.