Ajeita o colete, ajusta o coldre e passa a mão pelo cabelo. Uma agente da PSP está a postos para cortar o trânsito na Rua de Belém, assim que tiver indicação para isso.
Aos acessos ao Jardim Vasco da Gama, que por estes dias acolhem a Cidade da Alegria, continuam a chegar dezenas de peregrinos, que tentam escolher o melhor lugar para ver o Papa.
Olivia Fernandes chegou cedo, mas a viagem foi curta, não vivesse ela próximo da Calçada da Ajuda.
"Se moro aqui tão perto e quero ver o Papa, tinha de vir. Ainda por cima quando tantos vieram de tão longe para o ver", desabafa esta octogenária, enquanto se apoia numa das baias metálicas instaladas pelas autoridades.
Os primeiros batedores da PSP vão dando conta da chegada iminente de Francisco. O entusiasmo sente-se. Do outro lado, na Praça de Albuquerque, amontoam-se cada vez mais peregrinos.
Do lado de cá, Rita, que vem de Sobral de Monte Agraço, está em cima de uma cadeira de uma esplanada vizinha, que promete voltar a colocar no lugar.
"Renascença? Os meus pais ouvem a Renascença e os meus avós também".
Para Isabel, que acompanha este grupo, tem sido uma experiência "muito boa e gratificante" porque vem com jovens, "mesmo não sendo tão jovem". E explica que o grupo era maior e já estava a ser preparado há muito, mas com a pandemia, muitos separaram-se".
A viatura com o Papa sai da Rua de Belém para a Praça de Albuquerqe entra. Estão todos ao rubro. Junto ás baias metálicas estão todos a gritar "Esta é a Juventude do Papa Francisco". A viatura entra no Jardim, lá longe, e Francisco escuta a confissão de um pequeno grupo de jovens.
Para o Padre David, do México, "quando ofendemos Deus ou o nosso próximo, afastamo-nos dos dois e do amor que Deus nos dá". E com a confissão podemos "restituir esse amor. É a presença de Cristo que nos diz que tudo está bem".
O Papa sai, a caminho do Bairro da Serafina. Joana está com uma amiga, que empurra um carro de bebé. Noutro carro está uma das duas filhas de Joana, que ao colo, num marsupio, tem um bebé de três meses.
"Vinhamos ver a Cidade da Alegria e trouxémos os bebés. O Papa gosta tanto deles que aproveitámos para ver se eram abençoados". Mas a vinda não foi em vão. "Vale sempre a pena. Foi relembrar a alegria que é estar aqui com ele. Vale sempre a pena".