No Dubai a
COP 28 encerrou na passada quinta-feira. Havia um clima de pessimismo em torno
dos resultados desta cimeira, que pareciam acabar por ser tão frustrantes como
os fracos resultados das COPs anteriores. Felizmente, a COP 28 trouxe algo de
novo e, finalmente, de positivo: a declaração de que os combustíveis fósseis,
todos eles, teriam de ser eliminados progressivamente. É a primeira vez que a
COP assume este compromisso; na minha ignorância eu pensava que o compromisso
mais ou menos tácito existia, só que não era cumprido.
Por outro lado, sabia-se que as emissões de CO2 tem estado a subir, quando deveriam estar a baixar. Alguns países, como a China, ainda não tinham renunciado ao carvão, o mais poluente de todos os combustíveis. E viu-se que na própria COP 28 se levantavam vozes indignadas quando se falava em renunciar ao uso de combustíveis fósseis, nomeadamente petróleo. Por isso esta decisão pode classificar-se de histórica, sem exageros.
Os países pobres queixam-se de que os países desenvolvidos poluíram o planeta durante séculos, sem nada pagarem por isso; assim reclamam agora apoios dos ricos para suportarem os custos da transição energética. Ora também houve alguns progressos, ainda que insuficientes, nas ajudas dos países ricos aos países em desenvolvimento quanto à transição energética.
O essencial foi, no entanto, o compromisso alcançado sobre a eliminação dos combustíveis fósseis. Sem esse compromisso, iria intensificar-se o clima derrotista quanto à pouca capacidade da humanidade atual para enveredar por caminhos sérios de defesa do ambiente. Derrotismo e pessimismo também impulsionados pelos números frustrantes que mostram que as alterações climáticas estão cada vez mais a acontecer, quando as estimativas científicas as faziam prever para daqui a alguns anos.
Mas, se a COP 28 terminou de maneira mais positiva do que se receava, não será sensato esperar que a transição energética se faça sem ultrapassar grandes obstáculos. Desde logo, na vida das pessoas, como lembrou ao Público Jim Skea, que veio a Portugal receber o prémio Norte-Sul atribuído ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. Para atingir a desejada neutralidade carbónica, lembra Jim Skea, os transportes, como nos aquecemos, o que comemos, “muito pode ter que mudar”.