Um autêntico terramoto que teve já consequências políticas imediatas no Reino Unido.
No “The Telegraph”, “David Cameron anuncia demissão depois do Reino Unido ter chocado o mundo com o voto pelo Brexit”. E a pergunta é: quem será o próximo Primeiro-ministro? As casas de apostas põem tudo em Boris Johnson, o antigo presidente da Câmara de Londres e rosto da oposição a David Cameron dentro do Partido Conservador.
O primeiro-ministro demissionário mantém-se no cargo até Outubro, escreve o “Independent”. Mais abaixo, na primeira página, a expressão desanuviada de Nigel Farrage. O líder dos independentistas britânicos afirma: “vencemos sem uma única bala ter sido disparada”. Do outro lado do mar da Irlanda, o líder do Sinn Fein pede a realização de um referendo à unidade irlandesa depois da Grã-Bretanha ter confirmado a saída.
A expressão austera de David Cameron no momento do anúncio da demissão está em destaque no “The Times” que publica um artigo de opinião de Phillip Collins. Para este analista político, o resultado deste referendo é significativo. No entanto, diz, esta campanha foi “um horror contínuo de 10 semanas. Agora entramos em convalescença”.
Nos tablóides britânicos, “See EU later”, manchete no “The Sun”. No “Daily Star”, “Cam quits”, aludindo à demissão de David Cameron após a vitória do “Brexit”. O “Mirror” fala de um David Cameron “humilhado”.
Por cá, o “Brexit” faz o pleno das primeiras páginas online – as edições em papel foram fechadas ainda antes de conhecidos os resultados finais do referendo britânico. O “Público” diz que “Os britânicos entram em território desconhecido”.
O “Diário de Notícias” escreve que o “Reino Unido votou para sair. Ondas de choque sentem-se em todo o mundo”.
No “Jornal de Negócios”, “Mercados em queda livre” na reacção ao “Brexit”.
O portal “Observador” publica um artigo de opinião de Rui Ramos.
Para este historiador, “O referendo britânico talvez tenha mudado a Europa e o mundo. Mas é importante lembrar que começou como um truque de David Cameron para travar o UKIP. Para evitar uma inundação, deitou fogo à casa”.
Nos Estados Unidos, o “Washington Post” antecipa a desagregação do projecto europeu e admite que os próximos a abandonar o projecto europeu poderão ser a França, a Hungria, a Suécia, Holanda, Dinamarca e Grécia: “Um efeito dominó em curso”.