Ataques aéreos israelitas à cidade de Gaza destruíram este domingo três edifícios e mataram pelo menos 42 pessoas, segundo médicos palestinianos, naquele que foi o ataque mais mortífero da mais recente escalada de violência no Médio Oriente.
Apesar do balanço de vítimas e dos esforços internacionais de mediação para um cessar-fogo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assegurou que a quarta guerra com o Hamas, que governa em Gaza, irá continuar.
Num discurso televisivo, Netanyahu disse que os ataques prosseguiriam com "força total" e que "levariam tempo".
O Hamas também prosseguiu, lançando foguetes a partir de áreas civis em Gaza em direção a áreas civis em Israel.
Um deles atingiu uma sinagoga na cidade meridional de Ashkelon horas antes dos serviços noturnos para o feriado judeu de Shavuot, disseram os serviços de emergência israelitas.
Não foram relatados quaisquer feridos.
No ataque aéreo israelita no início do dia de domingo, várias pessoas ficaram soterradas sob os escombros dos edifícios atingidos durante a madrugada.
As hostilidades entre as duas partes escalaram repetidamente durante a última semana, marcando os piores combates no território, que alberga dois milhões de palestinianos, desde a guerra de 2014 entre Israel e o Hamas.
"Não vi este nível de destruição durante os meus 14 anos de trabalho, nem mesmo na guerra de 2014", disse Samir al-Khatib, um trabalhador de emergência em Gaza, citado por agências internacionais.
O ministério da Saúde de Gaza anunciou que 16 mulheres e 10 crianças estavam entre os mortos e que mais de 50 pessoas ficaram feridas.
Segundo um porta-voz do exército israelita, os ataques visaram infraestruturas militares subterrâneas do Hamas, que "ruíram, causando o colapso das fundações de casas civis que estavam acima delas, levando a baixas involuntárias".
Entre os mortos estará o chefe do departamento de medicina interna do Hospital Shifa e membro do comité de gestão do coronavírus, enquanto os seus dois filhos adolescentes e outros dois membros da família ficaram debaixo dos escombros.
A mais recente onda de violência começou em Jerusalém Oriental no mês passado, quando palestinianos entraram em confrontos com a polícia em resposta às operações policiais israelitas durante o Ramadão e à ameaça de despejo de dezenas de famílias palestinianas por colonos judeus.
Um dos focos dos confrontos foi a Mesquita Al-Aqsa, um ponto de tensão frequente localizado no topo de uma colina, venerada tanto por muçulmanos como por judeus.
O Hamas começou a disparar foguetes contra Jerusalém na segunda-feira, desencadeando o assalto israelita a Gaza.
Pelo menos 188 palestinianos foram mortos nas centenas de ataques aéreos em Gaza, incluindo 55 crianças e 33 mulheres, e 1.230 pessoas ficaram feridas.
Oito pessoas em Israel foram mortas em alguns dos 3.100 ataques com foguetes lançados a partir de Gaza, incluindo um rapaz de 5 anos e um soldado.
O Hamas e a 'Jihad Islâmica' reconheceram que 20 combatentes foram mortos. Israel diz que o número real é muito superior e divulgou os nomes e fotos de 24 alegados operacionais que diz terem sido "eliminados".
O ataque deslocou cerca de 34.000 palestinianos das suas casas, segundo disse este domingo o enviado ao Médio Oriente das Nações Unidas, Tor Wennesland, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde oito ministros dos Negócios Estrangeiros falaram sobre o conflito.
Os esforços da China, Noruega e Tunísia para levar o organismo da ONU a emitir uma declaração, incluindo um apelo à cessação das hostilidades, foram bloqueados pelos Estados Unidos, que, segundo os diplomatas, está preocupado com a possibilidade de esta interferir com os esforços diplomáticos para pôr termo à violência.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano Riad Al-Malki exortou o Conselho de Segurança a tomar medidas para pôr fim aos ataques israelitas.
O embaixador da ONU em Israel, Gilad Erdan, instou o Conselho a condenar os ataques "indiscriminados e não provocados" do Hamas.