A passagem do ciclone Idai no centro de Moçambique e as cheias que se seguiram já provocaram, desde quinta-feira, "mais de 200 mortos", anunciou esta terça, citado pela agência France-Presse, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi.
O chefe de Estado falava durante uma reunião do Conselho de Ministros realizado na cidade da Beira, parcialmente destruída pelo ciclone.
Filipe Nyusi admitira ontem que o balanço de vítimas mortais decorrente da passagem do ciclone Idai pelo país poderia ser superior a mil.
O Presidente moçambicano, descrevendo a situação como "um verdadeiro desastre humanitário de grandes proporções", confirmava que haveria mais de 100 mil pessoas em risco e que cidades como a Beira e Dondo estavam isoladas por via terrestre.
“Mais de 100 mil pessoas correm perigo de vida. Atualmente, a estrada nacional N.º 6 sofreu quatro cortes visíveis e esse número poderá aumentar a qualquer momento, isolando por terra as cidades da Beira e Dondo”, alertou. Além disso, há “aldeias inteiras” que desapareceram devido ao transborde das águas dos rios Pungue e Búzi. Várias comunidades ficaram isoladas “e vê-se, nos voos, corpos a flutuar”, explicava Filipe Nyusi.
Para o Presidente moçambicano, a prioridade seria agora salvar vidas. Nesse sentido, estava a ser montada uma operação aérea, com aviões e helicópteros, para tentar resgatar pessoas, sobretudo na Beira.
Ciclone Idai apontado como um dos piores desastres climáticos no hemisfério sul
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) admite que o ciclone Idai, que atingiu Moçambique, Maláui e Zimbabué, poderá ser "um dos piores desastres climáticos no hemisfério sul", caso se confirmem os números de vítimas mortais estimados pelo Presidente moçambicano.
Clare Nullis, porta-voz da da OMM, citada pela ONU News, apontou que "se estas estimativas forem concretizadas, então podemos dizer que este é um dos piores desastres climáticos - relacionado com ciclones tropicais - no hemisfério sul".
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou centenas mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos na segunda-feira.
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
Estimativas iniciais do Governo de Maputo apontam para 600 mil pessoas afetadas, incluindo 260 mil crianças.