Os sindicatos que convocaram a denominada "greve cirúrgica" recomendam aos grevistas que se apresentem ao serviço na sexta-feira, dia 21, tendo em conta o fim de semana prolongado devido ao Natal e a tolerância de ponto dada pelo Governo.
A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros (Sindepor) enviaram um ofício às administrações dos cinco hospitais onde decorre a greve a indicar que foi recomendado aos grevistas que "compareçam ao serviço no horário em que estão escalados, no dia 21 de dezembro, para possibilitarem a abertura de todas as salas e tempos operatórios habituais".
No documento, a que a agência Lusa teve acesso, os sindicatos dizem que pretendem "salvaguardar que nenhum doente oncológico classificado nível 3 e 4, bem como os que se enquadrem nas situações de urgência diferida" fiquem privados "de tempo operatório que permita a resolução da sua situação de saúde".
A presidente da ASPE, Lúcia Leite, lembrou que com as tolerâncias de ponto para os dias 24 e 31 de dezembro, juntando os fins de semana e feriado de Natal, são sete dias em que as salas de cirurgias programadas ficarão fechadas até final da paralisação.
Para operar os "doentes de urgências diferidas que se estão a acumular", os sindicatos decidiram assim recomendar que os grevistas se apresentem ao serviço na sexta-feira no horário em que estão escalados, mas lembram que os enfermeiros em greve apenas podem assegurar os serviços mínimos
O objetivo, diz Lúcia Leite, possibilita abrir todas as salas cirúrgicas que cada instituição tem em serviços mínimos e recuperar a lista de doentes urgentes que eventualmente estejam à espera de tempo operatório.
A sindicalista dá como exemplo o Centro Hospitalar do Porto que tem 31 salas operatórias, que poderão funcionar na véspera do fim de semana prolongado de Natal, se todos os enfermeiros escalados se apresentarem ao serviço, mesmo estando em greve. Num dia de semana de greve estariam a funcionar 10.
Marcelo fala em gesto solidário
"O que eu penso é que todos os portugueses sabem que o fim de semana de Natal e a época de Natal é uma época muito especial e, portanto, o facto de se ter isso em linha de conta significa um gesto de solidariedade que registo também com apreço", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado recusou, contudo, comentar este "conflito de trabalho específico", sublinhando que, tendo em consideração o mesmo espírito de natal, não quer, neste momento, introduzir fatores de ruído.
Marcelo Rebelo de Sousa falava à margem do concerto solidário das Forças Armadas que decorreu esta segunda-feira, na Casa da Música, no Porto, e que angariou três mil euros para a Associação de Deficientes das Forças Armadas e a Associação dos Albergues Noturnos do Porto.