Fundadora da “uber da beleza” revela segredo do sucesso: "O apoio da família"
07-06-2018 - 14:16
 • Cristina Nascimento

Duas amigas largaram bons empregos e ficaram um ano a viver à custa da família e dos amigos. Mas já têm investidores e a internacionalização está a um passo de acontecer.

Veja também:


Mariana tinha um bom emprego numa multinacional de renome. Filipa também, embora noutra multinacional reconhecida.

“Ganhávamos um ordenado, provavelmente acima da média portuguesa, largámos tudo e estivemos um ano sem ganhar um tostão”, conta Mariana Bettencourt à Renascença.

O cenário até podia ser desanimador, mas Mariana fala de sorriso aberto. As duas amigas deixaram os seus postos de trabalho para criar a Sparkl, “a uber da beleza”, como descreve a fundadora.

“Podem encomendar serviços de maquilhagem, manicure, pédicure, ‘hair styling’ ao domicilio, ou seja, pode ser em casa, na empresa, no hotel, todos os dias do ano, todos os dias da semana, das 8h às 23h”, descreve.

A empresa arrancou há pouco mais de um ano e não tem parado de crescer. Uma das vias de crescimento tem sido participar em eventos de tecnologia, como o Lisbon Investment Summit, que decorre até ao fim desta quinta-feira, no Hub Criativo do Beato.

Apresentar pitch, ganhar ideias e investidores

A experiência não é inédita. Já no ano passado as duas empresárias participaram neste evento, bem como no Lisbon Challenge – iniciativas importantes por vários motivos, explica Mariana Bettencourt.

“Temos de desformatar a cabeça para pensar como ‘startups’ e não como empresa. Tanto eu como a minha sócia viemos de duas multinacionais na área da beleza. O método de trabalho é feito de determinada forma, que não tem nada a ver com aquilo que temos de fazer hoje em dia para a empresa ter sucesso e crescer”, garante.

Atualmente, trabalham com 15 prestadores de serviços e para já é suficiente. “Uma das grandes aprendizagens é não pôr profissionais a mais, porque o que queremos é que estejam satisfeitas e tenham serviços suficientes. Só quando chegamos a um limite em que elas não conseguem responder a mais serviços é que vamos buscar outras profissionais”, explica.

A Sparkl atua apenas em Lisboa e em duas zonas do Norte – Porto e Braga. Mas a internacionalização pode estar prestes a acontecer.

“Tivemos oportunidade de fazer um pitch e apresentar o nosso negócio a cerca de 600 pessoas, aqui no Lis Summit. E tivemos cerca de seis ou sete contactos de investidores estrangeiros. Espanhóis, árabes, americanos e um francês, que querem exportar o nosso negócio para fora”.

“Family, fools and friends”

Mariana reconhece que o percurso tem sido positivo. Dá trabalho, mas esse não é o (único) segredo do sucesso. “Muitos dos segredos das ‘startups’ funcionarem no início tem a ver, não só com a equipa, com a ideia, mas – muito importante – a nossa família apoiar-nos”, diz, dando o exemplo do seu caso.

“Sabemos que nos dois ou três primeiros anos quase não vamos tirar ordenado. É o que se costuma dizer ‘family, fools and friends’ [família, patetas e amigos] a investir em nós. O meu marido a sustentar-me, a minha mãe a sustentar-me, o marido da Filipa a sustentá-la para conseguirmos que isto tivesse alguma tração e começasse a arrancar”, conta.

Agora já conseguem ter ordenado, pois conseguiram ir buscar investimento. “São 125 mil euros e desse dinheiro uma parte pequenina é para o nosso ordenado – um bocadinho mais do que o ordenado mínimo, mas não é muito mais”.