A cadeia de supermercados britânica Sainsbury's vai começar a vender insetos comestíveis a partir desta semana, fruto de uma parceria com uma empresa de produção desta fonte alimentícia para promover uma alimentação alternativa mais sustentável para o ambiente.
Rachel Eyre, diretora de marcas da Sainsbury's, defende que "refeições de insetos não devem continuar a ser vistas como algo a temer", justificando a decisão de avançar com a venda do produto com o facto de "os consumidores estarem cada vez mais dispostos a experimentar esta nova fonte de proteínas sustentáveis".
A ideia de comer insetos pode deixar muita gente com a barriga às voltas como se tivessem comido borboletas vivas, mas há muito que nutricionistas e cientistas defendem que os insetos são uma fonte de proteína saudável, barata e sustentável.
Os insetos podem ser ricos em gordura, proteínas, vitaminas, fibra e minerais, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (ONUAA), podendo servir para substituir outras fontes tradicionais de alimentação como a carne.
Nos últimos 40 anos, o consumo de carne per capita aumentou 50%, à medida que foi crescendo o consenso científico sobre a quantidade de carne consumida a nível mundial ser insustentável para o planeta, já que 60% dos gases com efeito de estufa provenientes da agricultura estão diretamente relacionados com agropecuária.
Há ainda preocupações crescentes devido ao impacto da agricultura intensiva e da pesca comercial no ambiente.
"À medida que a população aumenta, precisamos urgentemente de olhar para fontes de proteína alternativas", defende Duncan Williamson, um especialista em sistemas de alimentação global para o grupo WWF, no Reino Unido. "Os insetos são incrivelmente sustentáveis e podem ajudar a reduzir a nossa pegada de carbono."
Globalmente, pelo menos dois mil milhões de pessoas comem insetos - que precisam de muito menos terra e água do que a atividade agropecuária - e há mais de 1.900 espécies que podem ser usadas para comida, segundo a ONUAA.
A Eat Grub, uma empresa holandesa que cria grilos para alimentação e que vai passar a estar presente em 250 supermercados Sainsbury's, diz que quase 10% dos britânicos já experimentaram comer insetos e que quer mais consumidores a incluirem insetos na sua dieta, seja a cozinhar grilos ou a usar farinha de grilo em vez de farinha de milho, por exemplo.
"Estamos numa missão para mostrar ao Ocidente que [os insetos], além do seu enorme potencial de sustentabilidade ambiental, podem ser muito saborosos", disse Shami Radia, o cofundador da Eat Grub, à agência Reuters.
Ao jornal "The Telegraph" há quatro anos, Radia já tentara tranquilizar quem possa estar reticente em experimentar os pequenos animais. Na altura, o cofundador da empresa holandesa confessou que, de entre todos os insetos comestíveis, o grilo é mesmo o seu favorito. "São deliciosos e sabem a camarões crocantes."