O Sindicato da Marinha Mercante, Indústrias e Energia (SITEMAQ) acusa os mestres da Soflusa de serem responsáveis pelas perturbações nas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, ocorridas desde 10 de maio.
Em comunicado a que a Renascença teve acesso e que vai ser distribuído aos passageiros a partir de amanhã, quinta-feira, o sindicato lembra o “inferno” que foi o mês de maio e o que lhe deu origem, para concluir que “a vivência pessoal de todos nós já demonstrou que a ganância pessoal ou grupal, o só pensarmos no nosso umbigo, não leva a bons caminhos”.
O sindicato acusa os mestres de terem encetado uma greve sem pensar nos seus companheiros, “desrespeitando a estabilidade salarial negociada e acordada por todos até ao fim deste ano, abrindo um precedente que agora é difícil de controlar”.
Uma responsabilidade partilhada com o Governo e o Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa, que decidiram “privilegiar um grupo profissional em detrimento de todos os outros (maquinistas, marinheiros, administrativos e comerciais), que são igualmente importantes para o transporte fluvial”.
Na sexta-feira, o Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade acordou com o Sindicato dos Transportes Fluviais e Costeiros um aumento de 60 euros no subsídio de chefia, exclusivamente para os mestres. Acordo que levou ao cancelamento dos cinco dias de greve previstos para esta semana e ao trabalho extraordinário.
Os outros trabalhadores da Soflusa não gostaram e os sindicatos estão a reagir. É o caso do SITEMAQ, que representa sobretudo maquinistas e justifica o pré-aviso de greve de duas horas por turno para dia 12 de junho com a necessidade de repor a harmonia salarial, fazendo com que “todos possam beneficiar de iguais aumentos salariais”.
O comunicado do sindicato frisa que a greve “pode e deve ser evitada, se houver o bom senso de encontrar uma solução que sirva todos e não apenas a alguns trabalhadores”.
Para tentar travar o protesto, o Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, já convocou os sindicatos para uma reunião na terça-feira de manhã, ou seja, na véspera do início da greve.
Ainda antes os diversos sindicatos vão fazer plenários. É o que acontece quinta-feira à tarde, o que obriga à interrupção das travessias entre as 13h25 e as 17h.
Ministro diz que críticas são injustas
O ministro do Ambiente considera injusto que os deputados falem em caos nos transportes fluviais.
João Matos Fernandes disse esta quarta-feira no Parlamento que os problemas da Soflusa aconteceram durante o período de greve. Entretanto, diz, os horários foram todos repostos e chegou-se a acordo com um dos sindicatos.
“Sinceramente acho injusto falar em caos, e acho injusto até para os trabalhadores. Nunca culpei ninguém. Os problemas da Soflusa que aconteceram a semana passada aconteceram durante um período de greve às horas extraordinárias. Teria sido bem pior esta semana se não se tivesse chegado a um acordo com um dos sindicatos, que permitiu levantar essa mesma greve.”
“Tenho as minhas limitações, mas palavra de honra que não consigo perceber como é que isto pode ser contrariado.”
O ministro acrescentou ainda que “o contrato de serviço público está muito perto de ser assinado”.
[Notícia atualizada às 17h51]