França é um entre vários Estados-membros da União Europeia que, para já, não estão dispostos a aceitar o pedido de adiamento do Brexit apresentado por Theresa May esta sexta-feira.
Sem um "plano concreto e credível", dizem, o Reino Unido não pode voltar a prolongar o prazo de saída da União Europeia, inicialmente previsto para 29 de março e entretanto adiado para 12 de abril, dentro de sete dias.
Neste momento, o Parlamento britânico continua sem chegar a consenso quanto ao acordo de Brexit negociado por May com Bruxelas, que já foi chumbado três vezes. Da mesma forma, também nenhuma das alternativas a esse acordo angaria apoios suficientes na Câmara dos Comuns para se evitar uma saída sem acordo.
Em resposta à carta hoje enviada pela primeira-ministra britânica aos parceiros europeus, a secretária de Estado francesa para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, disse num comunicado enviado ao "The Guardian": "O Conselho Europeu tomou uma decisão clara a 21 de março [quando aceitou prorrogar o prazo de saída do Reino Unido]. Outro adiamento requer que o Reino Unido apresente um plano que tenha apoio político claro e credível [a nível interno]."
Sem entrarem em tantos pormenores, os Governos da Alemanha, Espanha e Bélgica disseram simplesmente que estão preparados para uma saída do Reino Unido sem acordo dentro do prazo previsto, ou seja, no final da próxima semana. Portugal também já veio garantir que está preparado para o pior cenário.
Na próxima quarta-feira, os líderes da UE a 27 vão encontrar-se em Bruxelas para uma reunião de emergência na qual têm de decidir, por unanimidade, se aceitam voltar a adiar a saída dos britânicos. May pediu ao bloco esta manhã um novo adiamento até 30 de junho, já depois das eleições europeias, sublinhando, contudo, que é possível que o país abandone a UE mais cedo que isso.
Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, já apresentou uma contraproposta, sugerindo um "adiamento mais flexível", que pode ir até um ano.
May está atualmente em reuniões com a oposição para tentar assegurar um acordo de divórcio. O Partido Trabalhista, a maior bancada oposta ao Governo, pediu esta tarde à primeira-ministra que altere o acordo que negociou e que o Parlamento já reprovou três vezes.
"Estamos desapontados com o facto de o Governo não estar oferecer reais mudanças ou compromissos", disse o porta-voz trabalhista em comunicado. "Pedimos à primeira-ministra que apresente genuínas alterações ao seu acordo num esforço para encontrar uma alternativa que angarie o apoio do Parlamento e una o país."