A primeira semana de campanha do PS no terreno começa algo engasgada, António Costa ainda tem dois debates, um na RTP na segunda-feira - primeiro dia do período oficial de campanha - e o debate das rádios - Renascença, Antena 1 e TSF - na quinta-feira e a caravana começa num verdadeiro frenesim a partir do fim de semana de 21, 22 e 23 de janeiro.
É no dia marcado para o voto antecipado - o domingo de 23 - e nos dias que o antecedem que a campanha socialista ganha agenda reforçada enchendo manhãs, tardes e noites em vários distritos. No final da primeira semana a caravana despacha os distritos do sul e Alentejo - Faro, Beja e Évora - passa pelas Beiras - Guarda e Castelo Branco - e começa, lentamente, a subir pelo país.
No dia do voto antecipado - e para o poder fazer o eleitor tem de inscrever-se no chamado voto em mobilidade entre 16 e 20 de janeiro - a campanha do PS irá estar em terreno "muito lá de casa" : no Porto, Braga e Viana do Castelo, em pleno Alto Minho, onde os líderes socialistas são normalmente recebidos em festa rija e com multidões.
A partir daí a caravana instala-se a norte para só descer quase no final dessa segunda semana de campanha para duas passagens por Setúbal e Lisboa. É entre a capital e o Porto que António Costa vai dividir-se na última sexta feira de campanha, tal como aconteceu nas eleições legislativas de 2019.
De registar que, segundo o esquema da Volta do líder do PS que foi entregue aos jornalistas, estão previstas duas passagens por Aveiro, distrito por onde concorre como cabeça de lista Pedro Nuno Santos, um dos nomes sempre apontados para suceder a António Costa e que, neste tipo de comícios de campanha, costuma fazer intervenções profundamente ideológicas com salas à pinha e onde acaba muitas vezes a fazer charme e a tirar fotografias com militantes, como aconteceu nas autárquicas de 2021.
Numas eleições que se realizam, mais uma vez, em período de pandemia, a organização da caravana socialista promete "tudo como numa campanha normal", com contactos de rua, mas "sem beijinhos e abraços" e sem direito aos tradicionais almoços e jantares-comício, com sessões em espaços fechados como os auditórios ou pavilhões.
A organização da caravana, de que fazem parte os secretários de Estado Tiago Antunes e Duarte Cordeiro, sendo este o director de campanha, promete "um conjunto de cuidados para cumprir o distanciamento e reduzir lotações de espaços, válido para qualquer iniciativa", com muito álcool gel e possibilidade de auto-testes nos locais fechados onde se preveja a presença de mais pessoas.
Segundo Duarte Cordeiro, na sessão de apresentação do esquema da Volta aos jornalistas, as duas semanas de campanha terão como estratégia política "o contraste com a alternativa que existe", ou seja, Rui Rio, argumentando que o "país precisa de estabilidade para um governo de quatro anos sem crises a meio", sendo a "solução" encontrada "uma maioria do PS", a tão desejada maioria absoluta.
Tendo o líder do PS como trunfo fundamental será valorizada a governação de António Costa para atingir essa ambição da maioria absoluta. Um objectivo que, segundo o estado maior socialista, permite uma "tranquilidade" para levar a cabo uma série de promessas de Costa, com a direção de campanha a dar os exemplos da valorização de rendimentos, do salário médio ou a convergência com a União Europeia.
Isto tudo é para ser aplicado "de imediato, sem compassos de espera", com a direção socialista a reforçar que Costa sendo já primeiro-ministro há essa "capacidade de imediatamente começar a trabalhar", insistindo no argumento de que "o país não tem tempo a perder".
A campanha será total, passará pelos Açores e pela Madeira logo na primeira semana do período oficial de campanha e por quase todas as capitais de distrito. Só ficará a faltar Portalegre, o distrito que menos deputados elege - apenas dois - e que não consta do esquema da Volta que foi entregue aos jornalistas pelo PS.