Na linha do que vem defendendo a direção do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã defende a demissão do ministro das Infraestruturas, que considera "incompetente" e que "se tornou perigoso", mas fecha a porta à instalação de uma comissão de inquérito às secretas na sequência do caso Galamba.
Em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, que será divulgada na íntegra na quinta-feira, o fundador e ex-dirigente considera que este caso tem contornos "incompreensíveis", registando a existência de "quatro ministros envolvidos numa noite por causa de um alegado roubo de um computador".
Tendo em conta que o primeiro-ministro irá esta quarta-feira ao Parlamento para o debate regimental com os deputados, Louçã acredita que António Costa poderá dar explicações sobre a atuação do SIS, registando que se trata de "um facto espantoso da forma como o poder é gerido".
Questionado sobre a vantagem de uma comissão de inquérito para apurar factos sobre como é que o SIS atuou, o antigo dirigente bloquista salienta que "uma comissão de inquérito sobre a atuação de serviços secretos é toda feita à porta fechada, o que é exigido pela matéria e contraditório com a naturalidade da transparência que um Parlamento deve assegurar aos seus cidadãos".
Numa altura em que o PSD admite apresentar uma iniciativa neste sentido e que já tem o apoio do Chega e da Iniciativa Liberal, Louçã alerta que um inquérito deste género só serve para "saber se há alguma coisa, mas muito pouco, e por portas travessas", sendo, por isso, "pouco útil".
Para o fundador do BE, a questão "deve ser resolvida politicamente antes de esperar pelo verão ou pelo outono", salientando que "é do gabinete do primeiro-ministro, dito por todos os protagonistas, que resulta a sugestão da informação ao SIS".
Esta, para Louçã, é "a questão das questões", e vai mesmo mais longe dizendo que "saber "como é que o SIS atua em substituição de uma polícia, ou seja, de uma forma ilegal" é "a grande questão de regime".