Nova vaga de Covid-19? Vacinação e proteção individual serão suficientes, diz especialista
09-11-2021 - 18:07
 • Pedro Mesquita , Marta Grosso

Carlos Antunes, co-autor do estudo que prevê uma quinta vaga da pandemia em Portugal, diz à Renascença que a “repercussão, do ponto de vista da gravidade e dos óbitos”, não será como a do inverno passado.

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“É muito difícil dizer quando é que começa” uma nova vaga, mas o matemático Carlos Antunes aponta o início de dezembro para a quinta onda de Covid-19 no país.

“Nós estamos com uma taxa de subida de casos diários na ordem de 1,7%-1,8%. Isso dá-nos uma duplicação a cada 30/40 dias. Mantendo o ritmo atual, podemos chegar aos dois mil casos no início de dezembro. Isso é uma probabilidade, mas há sempre a probabilidade, embora inferior, de atingir esse número antes dessa data, como há obviamente também uma probabilidade de atingir após essa data”, afirma à Renascença.

O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nota, contudo, diferenças entre regiões. “Temos a região do Centro, do Algarve e da Madeira como regiões com maior taxa de incidência, já próximo dos 200 casos por 100 mil habitantes e a tendência nessas regiões é de aumento significativo, com uma taxa elevada de aumento diário, sendo seguidas pelas outras regiões”.

Isto reforça a “tendência de aumento de probabilidade de ocorrer uma nova vaga” em Portugal.

Mas a repercussão em termos de pressão hospitalar e de óbitos não será a mesma que tivemos na anterior, considera.

“Não terá a dimensão nem a repercussão do ponto de vista da gravidade e do ponto de vista do impacto nos óbitos como foram as vagas do inverno passado. Mesmo que a incidência vá a valores elevados, o impacto, devido à proteção vacinal, nos internamentos e nos óbitos não se irá sentir como se sentiu nas vagas anteriores”.

Nada comparável, portanto, ao que se seguiu ao Natal do ano passado. Na opinião de Carlos Antunes e do epidemiologista Carmo Gomes (que publicaram um artigo sobre a 5.ª vaga na segunda-feira), não há muitas probabilidades de o país voltar a medidas mais apertadas.

“Nós achamos que, na situação atual, ainda não é necessário pensar em situações mais drásticas e mais apertadas. Achamos que a combinação da proteção vacinal com o reforço que vai ser dado até à faixa dos 65 anos, combinado com o reforço de proteção individual – ou seja, das medidas não farmacológicas de iniciativa pessoal, individual – serão suficientes para conter aumentos significativos de incidência”.

Hospitais do Norte e de Lisboa mais capacitados

Nos hospitais, a resposta dependerá “da chamada ‘search capacity’ – ou seja, da capacidade disponível hospitalar em cada região”.

Na região Centro, “como é a região que sentiu primeiro este novo aumento da incidência, verifica já um aumento significativo em termos de internamento nas enfermarias, em particular acima dos 70 anos”, acrescenta.

No Norte e na região de Lisboa e Vale do Tejo, a pressão poderá ser menos ameaçadora, dada capacidade instalada de resposta.

“O número que temos como linha vermelha passou para 255 camas nos cuidados intensivos. Esse reforço foi essencialmente na região de Lisboa e Vale do Tejo”, que “subiu a sua linha vermelha de 85 para 115, salvo erro. Na região Norte, penso que também poderá ter havido uma alteração, mas a capacidade instalada que a região Norte tinha e tem mostrou-se, mesmo na terceira vaga, suficiente para gerir essa pressão”, afirma Carlos Antunes à Renascença.

Segundo o boletim da Direção-Geral de Saúde desta terça-feira, Portugal registou, nas últimas 24 horas, oito mortos e 1.182 infetados com Covid-19.

A região de Lisboa e Vale do Tejo registou o maior número de novas infeções, seguida do Norte e o Centro. Abaixo dos 100 casos está o Algarve com 42, a Madeira com 40, o Alentejo com 31 e os Açores com 24.

A faixa etária 20-29 anos continua a ser a que regista maior aumento: são mais 212, nas últimas 24 horas. Segue-se as dos 40-49 (+181), 30-39 (+169), 50-59 (+143), 0-9 (+142) e 60-69 (+112).