A assembleia plenária dos bispos venezuelanos apontou várias críticas ao regime de Nicolas Maduro. “Infelizmente, aqueles que guiaram o governo nestes últimos anos, produzindo uma deterioração humana e social da população e da riqueza da nação, continuam no mesmo caminho, sem mudanças significativas na economia e para a melhoria das condições de vida dos venezuelanos”, afirmou o presidente da Conferência Episcopal da Venezuela (CEV) na abertura da 61ª Assembleia Plenária daquele organismo, que está a decorrer em Caracas.
“Mudar completamente essas políticas é o desafio para o ano que começa”, prosseguiu D. José Luis Azuaje Ayala, para quem a Venezuela vive uma “crise sem precedentes”, com uma “alta taxa de pobreza” e um nível de “violência incontrolável”. Só em 2018 foram assassinadas mais de 20 mil pessoas.
De acordo com o site ‘Vatican News’, o presidente da CEV, e arcebispo de Maracaibo, referiu-se às “violações dos direitos humanos que tiveram o seu ápice com o assassinato do jovem índio Pemon Charly Peñaloza, de 21 anos, e a repressão das comunidades indígenas e líderes comunitários”. Alertou, ainda, para a situação de “hiperinflação e a destruição do setor produtivo” em que o país se encontra, e falou da “corrupção aberta e brutal”, da “maior emigração na história venezuelana”, e das “centenas de prisioneiros políticos, civis e militares que clamam por justiça”. E não esqueceu “os doentes”, em cada vez maior número, que já “não podem ser tratadas por instituições de saúde que entraram em colapso”.
José Luis Ayala incentivou os venezuelanos a uma “mudança integral na política e lideranças, dentro e fora do país”, porque “continuar da mesma forma significa colocar as pessoas à beira do precipício”.
As críticas do responsável máximo pela Igreja católica na Venezuela surgem na véspera do presidente Nicolas Maduro tomar posse para um novo mandato, depois de vencer as eleições antecipadas de 20 de maio de 2018, que foram boicotadas pela oposição. “Tantas são as dúvidas sobre esse juramento: é legítimo, é ilegítimo?”, questionou o presidente da Conferência Episcopal, considerado que no “momento apropriado” a história dará o “seu veredicto”.